São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

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Vídeo mostra governador do DF recebendo dinheiro

Na imagem, Durval Barbosa, então presidente de estatal, entrega maço de notas a Arruda

Secretário diz que dinheiro era para comprar panetones em ação social; documentos da PF indicam que vice estava em suposto esquema


ANDREZA MATAIS
ANDRÉA MICHAEL

HUDSON CORRÊA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A Folha teve acesso ontem cópia de cinco DVDs, entre os quais um que mostra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), recebendo dinheiro.
O vídeo, que comprovaria o pagamento de propina, foi feito pelo então presidente da Codeplan (empresa do DF), Durval Barbosa, que era, até sexta-feira, secretário de Relações Institucionais de Arruda.
O secretário de Ordem Pública do DF, Roberto Giffoni, confirma que se trata de dinheiro, mas nega ser propina. O dinheiro seria uma colaboração recebida, em 2005, pelo então deputado José Roberto Arruda para financiar ações sociais, entre as quais a compra de panetones e brinquedos.
Documentos obtidos pela Polícia Federal indicam que o suposto esquema de pagamento de propina à base aliada que seria comandado por Arruda, também tinha participação de seu vice, Paulo Octávio (DEM).
Em uma das partilhas, que envolvia a divisão de R$ 178 mil, segundo anotações obtidas pela PF, 30% seriam destinados ao vice-governador.
No vídeo de 30 minutos e 31 segundos, Arruda recebe um maço de notas de Barbosa.
A entrega do maço ocorre 18 minutos após o início do vídeo. "Deixa eu pegar um negócio antes que eu me esqueça", diz Barbosa para Arruda que logo em seguida aparece com o um maço de dinheiro. "Ah, ótimo. Me dá uma cesta, um negócio", diz o governador.
Em seguida, Barbosa aparece com um envelope pardo onde o maço é guardado. Depois entra na sala uma pessoa chamada de Rodrigo e pega a sacola. A Folha obteve informação que trata-se de Rodrigo Arantes, filho adotivo de Arruda. No vídeo, Arruda e Barbosa conversam sobre a campanha.
Barbosa era homem de confiança do governo Joaquim Roriz,atual adversário de Arruda, que o manteve no governo após vencer as eleições.
Os outros vídeos mostram Barbosa manuseando dinheiro. O assessor de imprensa Omézio Pontes também aparece num outro vídeo recendo grande quantia de dinheiro. Arruda é o centro das investigações da operação Caixa de Pandora, deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira, quando foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão de equipamentos, dinheiro e documentos em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.
Entre os alvos está a empresa Conbral S/A, da qual a construtora de Paulo Octávio é parceira num empreendimento em Brasília.
Segundo relatório da Diretoria de Inteligência Policial da PF, há indícios de que o dinheiro distribuído no esquema "possa ter sido guardado nas instalações" da Conbral.
O relatório faz parte do inquérito nº 650, que tramita desde setembro no STJ (Superior Tribunal de Justiça), por conta do foro especial a que tem direito o governador.
O suposto esquema, uma espécie de "mensalão do DEM", veio à tona graças à colaboração de Barbosa. Em 21 de outubro, equipado pela PF com câmeras, ele gravou conversa com Arruda na qual é orientado sobre como dividir R$ 400 mil arrecadado das empresas Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet.
O dinheiro supostamente encaminhado a Paulo Octávio, segundo depoimento de Barbosa à PF em 30 de outubro, teve origem diversa, mas também viria de empresas com contratos com o governo. "PO", como é chamado o vice, segundo o depoente, não receberia o dinheiro diretamente, mas por meio de Marcelo Carvalho, executivo de sua construtora.
O vice não se manifestou. Carvalho não foi localizado.


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