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CRIME ORGANIZADO
Entidade envia gravações na tentativa de provar que deputados cometeram abusos em depoimentos
OAB leva ao Supremo fitas contra CPI
da Sucursal de Brasília
A OAB (Ordem
dos Advogados do
Brasil) encaminhou ontem ao STF
(Supremo Tribunal
Federal) duas fitas
de vídeo e 12 fitas cassete com gravações que, segundo a entidade,
revelam abusos de deputados da
CPI do Narcotráfico contra pessoas sob investigação.
O presidente da OAB, Reginaldo de Castro, espera que o material sirva de prova na ação que
apresentou há duas semanas contra a CPI acusando-a de desrespeitar direitos fundamentais dos
cidadãos durante depoimentos e
de descumprir decisão judicial.
A entidade já pediu ao STF que
acione o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, para a
abertura de inquérito criminal
contra membros da CPI por prevaricação e abuso de autoridade.
O crime de prevaricação é cometido pelo servidor público que
retarda ou deixa de praticar ato de
ofício ou o pratica em desacordo
com a lei. O Código Penal prevê
multa e detenção de 3 a 12 meses.
Um dos casos que caracterizam
o abuso de autoridade é o desrespeito a direitos e garantias legais
assegurados ao exercício profissional (no caso da advocacia).
As fitas foram enviadas pela seccional da OAB de Alagoas e se referem a depoimentos colhidos em
diligência da CPI naquele Estado,
no início de dezembro.
Segundo a OAB, as fitas demonstram que os deputados da
CPI trataram os investigados de
maneira grosseira, irônica e
agressiva e desrespeitaram princípios como o direito de ampla defesa, a presunção de inocência e o
livre exercício da advocacia.
O presidente da seccional da
OAB em Alagoas, Humberto
Martins, disse que a iniciativa foi
comunicada ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
O deputado Robson Tuma
(PFL-SP), membro da CPI, diz
que a comissão deve respeitar os
direitos dos advogados, mas dentro das regras estabelecidas pelo
regimento interno da Câmara.
"O advogado tem o direito de
orientar o cliente, mas nos limites
da Casa e da lei das CPIs. Não podemos permitir que o advogado
fique interferindo nas respostas
dos clientes, gritando "pela ordem" a todo momento", afirma.
A reação da OAB começou depois da prisão, em novembro, do
advogado Arthur Eugênio Mathias, acusado de ligações com o
narcotráfico em Campinas (SP).
A entidade defendeu Mathias,
ao mesmo tempo em que iniciou
procedimentos internos para investigar o advogado.
A OAB também obteve no STF
uma liminar determinando que
os acusados tivessem direito a advogados durante depoimentos na
comissão. A CPI, no entanto, chegou a desrespeitar a liminar.
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