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Com festas e visitas, fortes do Rio passam a gerar lucro
Profissionalização de gestão fez com que construções deixassem de ser deficitárias
Marco da mudança, o Forte de Copacabana saltou de 40 mil visitantes em 2005 para 700 mil em 2009; é o terceiro ponto turístico mais visitado
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Fortes históricos do Rio de
Janeiro profissionalizaram a
gestão e passaram de unidades
deficitárias a geradoras de receita, com aluguel de espaços
para eventos, seminários e até
uso de praias exclusivas.
O Forte de Copacabana, na
praia mais famosa do Brasil, é o
principal marco da mudança.
Passou de 40 mil visitantes em
2005 para 700 mil em 2009. É o
terceiro ponto turístico mais
popular do Rio, atrás do Corcovado e do Pão de Açúcar.
Comandante da unidade e
apontado no Exército como
pioneiro nesse tipo de gestão, o
coronel Édson Silva de Oliveira
faz palestras pelo país e expandiu o modelo para unidades militares no Rio e em Niterói (cidade a 15 km da capital).
Os cinco fortes na orla niteroiense cobram para o acesso
de banhistas a suas duas praias,
emprestam as construções seculares para filmagens e até,
com o apoio do empresariado,
promovem festa de Réveillon.
Seguindo a concepção de
"museu vivo", o Forte de Copacabana é o mais lucrativo. Arrecadou R$ 3 milhões em 2009,
com visitação, roda gigante e
eventos culturais e de entretenimento. O aluguel da área externa varia de R$ 9.000 a R$ 21
mil por dia. O salão do forte sai
por R$ 7.500.
O forte também festejará a
passagem de ano. A comemoração é destinada aos "Amigos do
Forte", grupo que conta com o
vice-presidente José Alencar,
esperado novamente este ano.
Quando há exploração comercial no forte, como na roda
gigante, a administração cobra
de 10% a 12% sobre o valor de
bilheteria. A tradicional Confeitaria Colombo tem um restaurante com vista para a praia
e uma lanchonete começará a
funcionar no início do ano.
Fundo
O dinheiro arrecadado segue
para o caixa da União e depois
para o Fundo do Exército, que
devolve até 70% à unidade. O
forte recebeu de volta R$ 1,8
milhão neste ano, segundo pesquisa do site Contas Abertas. É
mais do que o total pago em recursos ordinários pelo Exército
-R$ 1,4 milhão.
O complexo de fortes em Niterói também é alugado para
eventos. A Fortaleza de Santa
Cruz, cuja origem remonta a
1555, está ocupada por técnicos
e artistas que filmam para a TV
Record a minissérie "A História
de Ester", de temática bíblica.
O contrato de locação vigora
por 15 dias, a custo pouco superior a R$ 100 mil. O local já foi
cenário de filmes como "O Guarani", de Norma Bengell, e "O
Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Paulo Thiago. A Globo filmou na fortaleza cenas de
novelas e seriados, como "A Casa das Sete Mulheres", "Chiquinha Gonzaga" e "Terra Nostra".
Tombada desde 1939 pelo
Iphan (Instituto de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional),
a Fortaleza de Santa Cruz aluga
espaços para casamentos e
eventos empresariais. Até um
restaurante particular funciona em sua área e cobra R$ 400
por pessoa em seu Réveillon.
Para casar na capela de Santa
Bárbara (1612), da fortaleza niteroiense, o custo é de R$ 200.
Mas se houver festejos, o preço
sobe: os dois paióis valem R$
3.000 cada. Eles são oferecidos
também para comemorações,
batizados e aniversários.
Segundo o diretor de Patrimônio Histórico e Cultural do
Exército, general Juarez de
Paula, essa é uma forma de as
unidades se manterem.
Embora o Forte de Copacabana seja a "joia da coroa", a
Fortaleza de São João (Urca,
zona sul do Rio) tem um diferencial histórico relevante. Lá,
Estácio de Sá lançou, em 1565,
os primeiros fundamentos da
cidade de São Sebastião do Rio
de Janeiro.
A fortaleza, porém, parou de
alugar salão e áreas externas
este ano. Continuam as visitas,
pré-agendadas, mas gratuitas.
"O que fizemos foi inovador
no Exército: pegar um espaço
que já existia, fazer um museu
vivo, onde o acervo interaja
com a sociedade e não faça apenas a guarda de um material fechado. Para atrair visitantes,
começamos a fazer grandes
parcerias, eventos", disse o coronel Édson Silva de Oliveira.
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