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De olho em Serra, PMDB quer esvaziar prévia
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A prioridade da cúpula do
PMDB ainda é inviabilizar a prévia presidencial marcada para 17
de março, mas o "plano B" é esvaziar a disputa para, no dia seguinte, dizer que as bases deram um
recado a favor de uma aliança e
tentar fechar com José Serra, ministro da Saúde e pré-candidato
tucano ao Planalto.
Fracassou a tentativa de convencer o governador de Minas
Gerais, Itamar Franco, e o senador Pedro Simon (RS) a desistir
da disputa. Se for inevitável, os
governistas farão o boicote, facilitado por uma regra fixada por eles
mesmos que exige a presença de
50% mais um dos cerca de 16 mil
votantes na prévia.
Como tiveram mais de 60% dos
votos na última convenção, os governistas avaliam que conseguiriam esvaziar o encontro e adotar
o discurso de que isso seria uma
demonstração da inviabilidade
dos pré-candidatos.
Além de Simon e Itamar, está
inscrito o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que já admitiu desistir se o
governador Jarbas Vasconcelos
(PE), peemedebista mais cotado
para vice de Serra, fizer o pedido.
Para tentar garantir a prévia, Simon e Itamar fecharam um acordo. Itamar não quer disputar a
Presidência, mas vai manter a
pré-candidatura e despejar votos
em Simon, que ainda tem quatro
anos de mandato como senador.
"Não vamos deixar a cúpula
vender o partido", diz o ex-deputado federal Paes de Andrade
(CE), que tenta, a partir de hoje,
colher um terço das assinaturas
dos 514 convencionais para convocar um encontro extraordinário em 3 de março e garantir a prévia. Paes quer que, independentemente do quórum da prévia, a
convenção oficial de junho seja
obrigada a homologar o nome do
vencedor como candidato.
Por isso, antes de optar pelo
"plano B", a cúpula do PMDB
tentará inviabilizar a prévia. Uma
idéia é propor a Simon que renuncie ao mandato de senador
para mostrar disposição de correr
risco com o partido.
Em dezembro, numa reunião
na casa do deputado Eunício Oliveira (CE), em Brasília, Simon
disse que seu objetivo não era
vencer, mas vender a imagem do
PMDB na TV na campanha.
A pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem diminuiu ainda mais
a chance de Itamar concorrer ao
Planalto. Itamar caiu de 9,1% para
3,8% no intervalo de um mês.
"A pesquisa mostra que o
PMDB não tem candidato viável.
O Itamar está empatado tecnicamente com o Enéas [Carneiro, do
Prona, com 1,6%". O Enéas, aliás,
tem posições mais firmes do que
o Itamar, que não sabe se quer ser
candidato a presidente ou a governador de Minas Gerais", diz o
líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA). Geddel é defensor de Serra.
Um estrategista de Itamar disse
que o governador vai apoiar Simon e cuidar de sua vida em Minas. Mais à frente, se o PMDB se
aliar a Serra, Itamar apoiará o PT.
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