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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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NO AR

Sai CNN, entra Fox

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

A Fox News, canal de notícias ultraconservador que superou a CNN em audiência nos EUA, chega ao Brasil no momento em que deve tomar de vez o lugar da concorrente -com a guerra.
Quanto à CNN, após ter sido engolida pela AOL Time Warner, perdeu de vez seu fundador. O liberal Ted Turner, que já não tinha muita voz no canal, deixou a corporação. A notícia saiu na Fox News.
Quem questionou a cobertura da última guerra do Golfo como muito pró-americana não perde por esperar.
 
O discurso sobre o "estado da nação" ou o "estado do mundo", na ironia de um republicano na Fox News, mostrou um George W. Bush contido ao falar da economia e apaixonado ao falar da guerra.
Se ainda havia, não sobra dúvida de que o presidente deseja e fará tudo por ela. Para o comentarista da CNN, "pode não ter sido uma declaração formal de guerra, mas chegou muito, muito perto disso".
Pelas pesquisas, ele já seduziu os "concidadãos".
E foi só o início do que a CNN chamou de "agressiva campanha de lobby", que prosseguiu com novo discurso e a visita dos secretários de Estado e de Defesa ao Congresso americano. É lá que está o resto de resistência, nos parlamentares.
A "agressiva campanha de lobby" também vai para cima da ONU, com questionamentos como o de ontem, feito pelo próprio presidente:
- Eu quero que a ONU seja mais do que uma sociedade de debates vazios.
É lá que será dada, na semana que vem, a maior cartada: a apresentação das supostas provas levantadas pela CIA contra o Iraque.
A cobertura especulou que seriam gravações e "fotos de satélite", mas logo veio o secretário de Defesa, na Fox News, dizer que não é bem assim, que "as pessoas querem fotos" mas nem sempre é possível:
- Às vezes, o governo tem que agir antes do fato.
Quer dizer, sem provas.
 
Sem mais a fazer, o Brasil se prepara para a guerra. Antonio Palocci, na Globo:
- Estamos preparando uma ação no campo econômico para suportar o choque. Vamos fazer um superávit que torne nossa vida sustentável.
Míriam Leitão traduziu como "mais restrição".


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