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APAGAR DAS LUZES
Presidência da Casa estende por seis meses contrato de publicidade, contrariando parecer interno
Câmara prorroga contrato de R$ 5,6 mi
no final da legislatura
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A poucos dias do final da atual
legislatura, a presidência da Câmara dos Deputados decidiu
prorrogar por seis meses o contrato de publicidade mantido desde 2001 com a agência Denison,
no valor de R$ 5,62 milhões.
A prorrogação contraria parecer da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Casa, que
acreditava ser necessária a realização de uma nova licitação.
A Denison foi contratada em
2001 pelo então presidente da Casa, Aécio Neves (PSDB-MG). O
contrato já havia recebido um
aditivo de 25% em 2002, passando dos originais R$ 4,5 milhões
para, também, R$ 5,62 milhões.
"O limite de 25% para acréscimo da despesa originalmente autorizada já foi utilizado, o que impediria a sua prorrogação para o
exercício de 2003", escreveu no
parecer a diretora-geral da Secom, Amneres Pereira Santiago.
A assessoria da presidência da
Casa informou que se baseou em
parecer do Demap (Departamento de Material e Patrimônio) para
autorizar a prorrogação.
A decisão, segundo a diretora de
contas da Denison, Márcia Stolet,
seguiu todo "o trâmite jurídico" e
saiu publicada no "Diário Oficial"
da última sexta-feira.
A diretora-geral da Secom, Amneres Pereira Santiago, consultou
dois advogados da assessoria jurídica da secretaria e sugeriu que a
Casa poderia ser multada pelo
TCU (Tribunal de Contas da
União), como já teria ocorrido
com a Petrobras num caso semelhante de prorrogação de contrato de publicidade.
O presidente da Câmara, Efraim
Moraes (PFL-PB), decidiu ontem,
apesar da prorrogação do contrato, sustar qualquer campanha publicitária na Casa. "Deixo esse assunto para o próximo presidente.
Não há razão para gastar nenhum
tostão nessa área até minha saída", disse Moraes.
A Folha apurou que a próxima
campanha seria feita pela Denison e divulgada na redes de TV
Record e Vida. Moraes negou ter
conhecimento disso.
A idéia tinha o apoio do primeiro-secretário, Severino Cavalcanti
(PPB-PE). O deputado explicou
que emissoras de TV "pequenas"
estavam reclamando de suposto
privilégio das grandes, que teriam
ficado com "toda a verba publicitária da Casa" em 2002.
Cavalcanti, que disse não dispor
dos valores da campanha, afirmou que o tema geral seria "a defesa da família brasileira".
Segundo proposta que chegou a
circular no Demap e na Secom, a
Denison cobraria cerca de R$ 400
mil pela criação da propaganda,
mas a divulgação poderia chegar
a R$ 5 milhões.
O deputado federal Paulo Rocha (PT-PA), terceiro-secretário
da Câmara, soube da campanha e
procurou o deputado Moraes no
início da semana. "Eu fiz ver que
era melhor deixar isso para a próxima Mesa", explicou Rocha.
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