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BRASIL PROFUNDO
Da Suíça, presidente afirmou que "não é possível que alguém mate alguém para defender o trabalho escravo no Brasil"
Lula diz estar preocupado com "matanças"
LEILA SUWWAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM GENEBRA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem que o governo fará o possível para colocar na
cadeia os responsáveis pelo assassinato dos três auditores trabalhistas e do motorista que os levava, ocorrido anteontem em Unaí,
Minas Gerais. Lula se disse preocupado em ver que matanças ainda ocorrem para proteger o trabalho escravo no Brasil.
"A escravidão acabou no Brasil
no dia 13 de maio de 1888. Então,
podem ficar certos de que a Polícia Federal e o governo federal,
junto com o governo de Minas,
vão fazer o que for possível para
que a gente não apenas coloque
na cadeia quem matou, mas, se tiver mandante, esse mandante
também vai para a cadeia", disse
Lula em entrevista coletiva ontem
em Genebra (Suíça), onde participou de um seminário da ONU sobre o Brasil.
"Estamos deveras preocupados
porque estamos no século 21 e
não é possível que alguém mate
alguém para defender o trabalho
escravo no Brasil", afirmou Lula.
Os quatro servidores trabalhavam desde o início da semana na
fiscalização das fazendas da região de Unaí, que, nesta época do
ano, contratam trabalhadores para a colheita de feijão. Há suspeitas de que o crime possa estar relacionado à fiscalização. Foram
mortos o motorista Aílton Pereira
de Oliveira, 51, e os auditores fiscais João Batista Soares, 50, Eratóstenes de Almeida Gonçalves,
42, e Nelson José da Silva, 52.
O presidente disse que conversou com o presidente interino, José Alencar, anteontem à noite, no
momento em que ele estava reunido com os ministros da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, do Trabalho, Ricardo Berzoini, e com o
secretário de Direitos Humanos,
Nilmário Miranda.
Ainda anteontem, Lula já teria
pedido a apuração completa do
assassinato dos quatro envolvidos. O presidente afirmou que
voltaria a conversar sobre a questão com Alencar ontem. "Primeiro, os fiscais só foram lá porque
receberam alguma denúncia. Segundo, eles estavam cumprindo
aquilo que está em toda legislação
brasileira: é proibido ter trabalho
escravo no Brasil", disse Lula.
Durante o encontro com cerca
de 200 empresários em Genebra,
Lula enfatizou os avanços institucionais e democráticos no país,
dando especial atenção à mão de
obra qualificada disponível para
novos empreendimentos.
Indignação
Segundo José Alencar, "há uma
indignação" muito grande.
"Cada um dos policiais, cada
uma das pessoas que estão participando deste trabalho estão indignadas pelo que aconteceu. E
posso garantir que é numa região
que nunca foi marcada pela violência. A região noroeste de Minas é uma região tranqüila, de homens trabalhadores, que cuidam
do progresso da região. Lá há uma
produção campeã de grãos."
Segundo o presidente interino,
é preciso "compreender que isso
foi um acontecimento, uma tragédia que se abateu sobre Minas e
sobre o Brasil. Isso foi um golpe
brutal que a família de Minas e
brasileira estão recebendo".
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