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Rio dirigiu licitação do PAC, diz construtora
Para empresa, exigências podem afetar escolha; empreiteiras que doaram para governador estão em consórcios aprovados
Governo de Sérgio Cabral
nega direcionamento no
processo; previsão de gasto
nas três obras incluídas no
projeto é de R$ 859,9 mi
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Uma construtora que foi desclassificada da licitação das
obras do PAC (Programa Aceleração do Crescimento) em favelas do Rio acusa o governo do
Estado de direcionamento do
edital. A Construcap-CCPS Engenharia e Comércio aponta,
em recurso à Secretaria de
Obras do Rio, exigências que,
segundo ela, servem para direcionar o resultado. O consórcio
da empreiteira não foi habilitado para participar da disputa.
Os três consórcios aprovados
têm em sua composição empresa doadora à campanha do
PMDB no Rio -partido do governador Sérgio Cabral Filho.
O governo do Estado nega qualquer direcionamento.
O pedido de impugnação foi
feito em janeiro, após a publicação da segunda errata ao edital. A secretaria exigiu, por
exemplo, que as empresas comprovassem realização de obras
com "fornecimento e assentamento de tubo flexível estruturado de PVC para drenagem de
águas pluviais, com diâmetro
mínimo de 400 milímetros".
"A questão do material utilizado ser ou não PVC não importa, uma vez que não há diferença técnica na execução. Para
comprovar a experiência anterior no referido serviço, bastaria a demonstração dos serviços acima, em qualquer material similar", diz o recurso.
De acordo com a Secretaria
de Obras, que rejeitou o recurso e deu prosseguimento ao
processo de licitação, o material foi escolhido por ser "de fácil adaptação nas áreas íngremes e de difícil acesso". Questionada se era a única opção, a
secretaria não respondeu.
A Carioca Engenharia, do
consórcio Novos Tempos (com
Queiroz Galvão e Caenge),
doou R$ 1,4 milhão para a campanha de Cabral. A Construtora OAS, do consórcio Rio Melhor (com Norberto Odebrecht
e Delta), doou R$ 1,6 milhão. A
EIT (consorciada com Andrade
Gutierrez e Camter) doou
R$ 200 mil ao PMDB no Rio.
O consórcio da Construcap
não possui doadores à campanha de Cabral. A Sanerio, outra
empresa que tenta participar
da licitação, também não doou.
Ambos foram inabilitadas por
não atender às exigências.
A licitação está dividida em
três lotes: Rocinha, Manguinhos e Complexo do Alemão. A
previsão de gasto no total é de
R$ 859,9 milhões. O resultado
da análise técnica foi divulgado
na quarta. As empresas reprovadas podem recorrer até hoje.
A empresa questionou também a necessidade de comprovar qualificação técnica para
construção e montagem de teleférico, uma das marcas do
projeto no Complexo do Alemão. Para a empreiteira, trata-se de um serviço específico que
não precisa ser realizado pela
empresa vencedora.
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