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MUDANÇA E CONFLITO
Após reunião com Lula, petistas reafirmam que vão votar contra a proposta de reforma da Previdência se não houver mudanças
Radicais mantêm voto contra o governo
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Deputados da ala considerada
radical do PT não amenizaram o
discurso ontem após o almoço
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. O encontro teve o objetivo de contornar divergências da
bancada petista em torno da proposta de reforma da Previdência
que será encaminhada hoje ao
Congresso Nacional.
Eles saíram do almoço reafirmando que votarão contra a proposta se não forem excluídas a taxação dos inativos e a contribuição dos servidores para fundos
complementares, se quiserem ganhar acima do teto de R$ 2.400.
A postura será mantida, segundo eles, mesmo com a ameaça de
serem expulsos do partido. O deputado Lindberg Farias (PT-RJ)
disse que o governo pode ter uma
ruptura na sua base. "A manutenção da cobrança dos inativos vai
criar uma fratura na base do governo. Vão ter que expulsar não
só deputados do PT. O PC do B
vai para fora do governo, o Miro
Teixeira [PDT] vai para fora do
ministério [Comunicações] e o
PSB vai rachar."
Lindberg e a senadora Heloisa
Helena (PT-AL) abriram uma crise com a ala governista do PT
após se encontrarem com o presidente do PDT, Leonel Brizola, no
domingo, para formar uma oposição organizada contra a proposta de reforma da Previdência.
Deputados da ala moderada do
PT chegaram a defender que
Lindberg perdesse a vice-liderança na Câmara. Ontem, no entanto, o discurso a respeito do deputado foi amenizado. O presidente
do partido, José Genoino, disse
que não há mais conversa com a
senadora, mas que há espaço para
negociação com o deputado.
Uma reunião da bancada petista para decidir sobre o destino de
Lindberg, marcada para ontem,
foi adiada. O deputado negou que
tenha havido um acordo.
"No campo moderado há os falcões, autoritários, que querem
minha cabeça. E há outros, como
o [Nelson] Pellegrino [líder da
bancada], que estão abertos ao
diálogo", afirmou.
Os radicais reclamaram mais
uma vez de que o governo não estaria aberto ao debate, e que Lula
teria ido ao almoço apenas para
convencê-los de uma proposta já
fechada com os governadores.
No almoço, falaram as deputadas Dra. Clair (PR) e Francisca
Trindade (PI). A primeira teria se
queixado que o governo não teria
ouvido a bancada do PT durante a
elaboração da proposta de reforma da Previdência. A segunda teria defendido a necessidade de
um debate sobre a proposta.
A deputada Luciana Genro (RS)
disse que ela e os demais deputados de alas mais à esquerda do
partido não quebraram o protocolo para defender suas propostas
porque "optaram por uma postura mais educada".
Beijo
Apesar dos sucessivos ataques
ao governo, Luciana chegou a dar
um beijo em Lula durante o almoço. "Não tenho nenhuma raiva
pessoal dele [Lula]. Ele sempre
me trata muito bem. Temos é divergências políticas, como as que
tenho com o meu pai [Tarso Genro, secretário especial do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Social]", disse ela.
Os deputados João Fontes (SE),
Babá (PA), Lindberg e Luciana,
que têm adotado uma posição
mais dura em relação ao governo,
não saíram na foto da bancada
com Lula e a primeira-dama Marisa Letícia após o almoço. Luciana disse que eles ficaram constrangidos de posar ao lado do presidente. "Ficamos em um canto."
Ontem o governador de Mato
Grosso do Sul, Zeca do PT, defendeu em Brasília a expulsão dos petistas que votarem contra as reformas. Segundo a assessoria do governador, Zeca usou a expressão
"ou sai ou é saído" para dizer que
o congressista do partido, após
votar contra as reformas, deve
sair espontaneamente do PT ou
ser expulso.
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