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RETÓRICA OFICIAL
Ao PTB, presidente afirma que cumprirá acordos de Dirceu
Lula diz que herança é mais
que maldita e promete cargos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um churrasco anteontem à
noite com o PTB, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou
que a herança que recebeu do antecessor, Fernando Henrique
Cardoso, é "para lá de maldita".
E prometeu que os acordos feitos com o partido sobre a nomeação para cargos serão cumpridos.
Disse ainda que a expressão "Brasil na UTI" foi cunhada por Armínio Fraga, presidente do Banco
Central no governo do tucano.
Num discurso de cerca de 50
minutos, Lula atacou duramente
FHC, declarando que recebeu o
país em condições muito piores
do que pôde falar publicamente.
"Mas agora já saímos da UTI e estamos andando pelo hospital sem
ajuda da enfermeira", afirmou,
segundo relato de petebistas.
Foi nesse momento que Lula revelou que Armínio, num encontro 15 dias antes da posse na Presidência, fez o diagnóstico de que o
Brasil estava na UTI. "A herança
[do governo FHC] não é maldita,
é para lá de maldita", disse Lula.
No geral, porém, o presidente
foi otimista. Afirmou que há melhoria dos indicadores econômicos e repetiu a previsão de que o
país crescerá neste ano ao menos
3,5%. Disse também que gostaria
de deixar o salário mínimo acima
dos R$ 300 (anunciou ontem R$
260) e que mais pessoas pagassem
Imposto de Renda, o que significaria um salário maior para um
maior número de trabalhadores.
Ministérios e cargos
Além do jantar com cerca de
cem pessoas -um churrasco de
R$ 10 mil na Granja do Torto pago
pelos petebistas-, Lula tomou
café da manhã com 35 dos 53 deputados do PP. O PTB, com 52 deputados, é o quinto maior partido
da Câmara. O PP é o quarto.
No jantar, o presidente disse
que sabe que o PTB merece mais
do que um ministério, dando a
entender que, no futuro, o partido
ganhará outro. O PTB tem só o do
Turismo. "Sejam pacientes. O Zé
Dirceu [José Dirceu, ministro da
Casa Civil] e os ministros vão
cumprir todos os acordos para
nomeação. Isso é contrato, e contrato a gente cumpre no Brasil",
afirmou Lula, segundo relatos.
Ao elogiar Dirceu, o presidente
disse que deve a ele, em grande
parte, o fato de o governo ter uma
"base ampla" no Congresso. Para
Lula, por causa da importância do
papel que o ministro tem, a oposição quis "detoná-lo" após o surgimento do caso Waldomiro Diniz.
Lula repetiu a promessa de contornar as dificuldades de articular
sua base reunindo-se a cada 20
dias com uma espécie de conselho
político, formado por líderes e
presidentes dos partidos aliados.
O café da manhã com o PP teve
um resultado imediato: o partido
deixou de obstruir a pauta da Câmara, o que impediria a votação
da medida provisória da Cofins.
"Entendi isso como um pedido
de trégua política para que a gente
possa efetivamente continuar
progredindo. Ele [Lula] deu a entender que queria que nós suspendêssemos a posição de obstrução e que, daqui a duas semanas, possamos ter uma conversa
para aprofundar questões que são
tão importantes para o partido",
afirmou o deputado Pedro Henry
(MT), líder do PP na Câmara.
O presidente, segundo Henry,
disse: "A falta de investimento do
governo, que é um investidor e
gerador de emprego forte, está levando a iniciativa privada a também não fazê-lo e o investidor estrangeiro a acompanhar isso".
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