São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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GOVERNO
Venda da estatal precisava de "comando definido", diz Mendonça
Privatização da Telebrás fez FHC indicar novo ministro

da Sucursal do Rio

O novo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, disse ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu transferi-lo do BNDES para o ministério porque precisava que a privatização da Telebrás fosse coordenada por alguém com o cargo de ministro.
Mendonça de Barros disse que vai complementar o trabalho do ex-ministro Sérgio Motta e que pretende voltar para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ontem à tarde o novo ministro deu entrevista após participar de uma cerimônia no BNDES. Veja os principais pontos abordados:

O MOTIVO DA MUDANÇA - "O motivo básico dessa mudança é que o presidente achou necessário que o Ministério das Comunicações, que é um ministério importante, principalmente nessa fase final da privatização, tivesse um comando definido. E eu acredito que minha relação de amizade com Sérgio Motta e o fato de eu já estar acompanhando a questão da privatização tenham sido os motivos básicos da minha escolha.
A conclusão do trabalho do ministro Sérgio Motta, um processo muito sofisticado, envolve vários órgãos do Ministério das Comunicações e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). O presidente concluiu que precisaria da legitimidade de um ministro que coordenasse o trabalho nessa área toda para que não houvesse uma solução de continuidade."
A ESCOLHA DO SUBSTITUTO - "O presidente tinha também uma preocupação muito grande de que no banco não houvesse uma descontinuidade em relação ao programa que ele tem adotado. O André Lara é meu amigo pessoal, trabalhamos juntos no Banco Central e depois fomos sócios em um banco privado. Ele estava também como assessor pessoal do presidente. Então, foi uma solução quase natural. O banco hoje toca praticamente todas as áreas de ação do governo federal. O presidente queria aqui uma pessoa de confiança dele."
COMO VÊ O SUBSTITUTO - "O André é uma pessoa brilhante e, por isso, tem um comportamento muito particular. Ele tem todas as condições de tocar isso aqui. Outra vantagem: é muito amigo do José Pio Borges, vice-presidente do banco."
ANÁLISE DO MINISTÉRIO - "Basicamente, o ministério tem a privatização, que é um ponto central. Isso é a parte final de um longo projeto de reestruturação do setor de telecomunicações. Eu tenho a obrigação de procurar terminar da melhor maneira possível esse processo. Eu vou lá com a responsabilidade muito específica de terminar um processo que é muito importante para o Brasil, tanto do ponto de vista microeconômico, que é a recuperação das telecomunicações, como do ponto de vista macro, porque representa uma entrada impressionante de novos recursos para o Tesouro e, mais do que isso, abre uma possibilidade de investimentos muito grande."
PAPEL DO BNDES - "Eu pretendo é dar ao BNDES uma função mais importante na execução do processo de venda. No processo de privatização mais importante que conduzimos até agora, o da Vale do Rio Doce, o valor do que estava sendo vendido era de R$ 3 bilhões. No caso da Telebrás nós estamos esperando um número seis a sete vezes esse. Ela tem outra característica importante: 80% do seu capital está nas mãos dos minoritários, e, desses, cerca de 50% em mãos de investidores estrangeiros. Ela representa praticamente o mercado de ações de empresas brasileiras no exterior. O ministério não tem experiência nessa área. Daí a importância de incorporar o BNDES."
FUTURO - "Pessoalmente, eu preferia ficar no banco. Essa é a minha meta. Eu pretendo, uma vez terminado tudo isso, voltar. Isso eu comuniquei ao presidente da República. Eu acredito que, dada a minha formação profissional, o melhor uso do meu esforço é aqui no BNDES."



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