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GOVERNO
Venda da estatal precisava de "comando definido", diz Mendonça
Privatização da Telebrás fez FHC indicar novo ministro
da Sucursal do Rio
O novo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de
Barros, disse ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu transferi-lo do BNDES
para o ministério porque precisava que a privatização da Telebrás
fosse coordenada por alguém com
o cargo de ministro.
Mendonça de Barros disse que
vai complementar o trabalho do
ex-ministro Sérgio Motta e que
pretende voltar para o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ontem à tarde o novo ministro
deu entrevista após participar de
uma cerimônia no BNDES. Veja
os principais pontos abordados:
O MOTIVO DA MUDANÇA - "O
motivo básico dessa mudança é
que o presidente achou necessário
que o Ministério das Comunicações, que é um ministério importante, principalmente nessa fase
final da privatização, tivesse um
comando definido. E eu acredito
que minha relação de amizade
com Sérgio Motta e o fato de eu já
estar acompanhando a questão da
privatização tenham sido os motivos básicos da minha escolha.
A conclusão do trabalho do ministro Sérgio Motta, um processo
muito sofisticado, envolve vários
órgãos do Ministério das Comunicações e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). O presidente concluiu que precisaria da
legitimidade de um ministro que
coordenasse o trabalho nessa área
toda para que não houvesse uma
solução de continuidade."
A ESCOLHA DO SUBSTITUTO -
"O presidente tinha também uma
preocupação muito grande de que
no banco não houvesse uma descontinuidade em relação ao programa que ele tem adotado. O André Lara é meu amigo pessoal, trabalhamos juntos no Banco Central
e depois fomos sócios em um banco privado. Ele estava também como assessor pessoal do presidente.
Então, foi uma solução quase natural. O banco hoje toca praticamente todas as áreas de ação do
governo federal. O presidente
queria aqui uma pessoa de confiança dele."
COMO VÊ O SUBSTITUTO - "O
André é uma pessoa brilhante e,
por isso, tem um comportamento
muito particular. Ele tem todas as
condições de tocar isso aqui. Outra vantagem: é muito amigo do
José Pio Borges, vice-presidente
do banco."
ANÁLISE DO MINISTÉRIO -
"Basicamente, o ministério tem a
privatização, que é um ponto central. Isso é a parte final de um longo projeto de reestruturação do
setor de telecomunicações. Eu tenho a obrigação de procurar terminar da melhor maneira possível
esse processo. Eu vou lá com a responsabilidade muito específica de
terminar um processo que é muito
importante para o Brasil, tanto do
ponto de vista microeconômico,
que é a recuperação das telecomunicações, como do ponto de vista
macro, porque representa uma
entrada impressionante de novos
recursos para o Tesouro e, mais do
que isso, abre uma possibilidade
de investimentos muito grande."
PAPEL DO BNDES - "Eu pretendo é dar ao BNDES uma função
mais importante na execução do
processo de venda. No processo de
privatização mais importante que
conduzimos até agora, o da Vale
do Rio Doce, o valor do que estava
sendo vendido era de R$ 3 bilhões.
No caso da Telebrás nós estamos
esperando um número seis a sete
vezes esse. Ela tem outra característica importante: 80% do seu capital está nas mãos dos minoritários, e, desses, cerca de 50% em
mãos de investidores estrangeiros.
Ela representa praticamente o
mercado de ações de empresas
brasileiras no exterior. O ministério não tem experiência nessa
área. Daí a importância de incorporar o BNDES."
FUTURO - "Pessoalmente, eu
preferia ficar no banco. Essa é a
minha meta. Eu pretendo, uma
vez terminado tudo isso, voltar.
Isso eu comuniquei ao presidente
da República. Eu acredito que, dada a minha formação profissional,
o melhor uso do meu esforço é
aqui no BNDES."
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