São Paulo, quinta, 30 de abril de 1998

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REFORMA
Pressões por benefícios em troca de voto e falta de quórum impedem análise de emendas da Previdência
Câmara adia votação de pontos polêmicos

LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília


O apelo do presidente Fernando Henrique Cardoso não foi suficiente para que os deputados enfrentassem ontem os principais pontos da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.
O teste definitivo para o comando governista -as votações dos dispositivos que pretendem retirar do texto o redutor do valor das aposentadorias do setor público e o limite de idade- ficou para a próxima semana.
Na retomada da votação da reforma ontem, o governo se deparou com problemas antigos: a pressão de deputados por benefícios em troca de seus votos e a falta de quórum seguro para levar assuntos polêmicos ao plenário.
Os ruralistas aproveitaram a votação para pressionar o governo por benefícios para os produtores agrícolas. Eles reivindicam o aumento de 10 para 15 anos o prazo para o pagamento das dívidas dos produtores com o governo.
Segundo o deputado Augusto Nardes (PPB-RS), a negociação atinge os produtores que devem até R$ 200 mil. O total da dívida é de R$ 7 bilhões, disse o deputado.
Os produtores que devem acima desse valor já conseguiram prazo de 20 anos para o pagamento.
Além disso, também voltou a ser cobrada a liberação dos recursos das emendas parlamentares feitas ao Orçamento de 1997. O governo contou com reforço extra. A governadora Roseana Sarney (PFL-MA) foi conversar com os pefelistas. O ministro Waldeck Ornélas (Previdência) passou o dia na Câmara com deputados.
No início da noite, o governo corria o risco de perder nas votações de dispositivos de forma separada, nas quais exigiriam os votos de 308 dos 513 deputados.
Por causa disso, os líderes governistas deveriam restringir a votação a duas emendas aglutinativas à proposta, que não mudam pontos importantes. Assim, cabe à oposição (autora) reunir os 308 e não ao governo, que quer manter o texto.
Os deputados usaram as mais diversas justificativas para adiar mais uma vez as votações polêmicas. Desde o jogo da seleção brasileira de futebol até a entrega da declaração do Imposto de Renda.
Líderes tiveram de assegurar que a sessão acabaria às 20h, a tempo de chegarem em casa para o jogo.



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