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REFORMA
Pressões por benefícios em troca de voto e falta de quórum impedem análise de emendas da Previdência
Câmara adia votação de pontos polêmicos
LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
O apelo do
presidente Fernando Henrique Cardoso
não foi suficiente para que os
deputados enfrentassem ontem os principais
pontos da reforma da Previdência
na Câmara dos Deputados.
O teste definitivo para o comando governista -as votações dos
dispositivos que pretendem retirar do texto o redutor do valor das
aposentadorias do setor público e
o limite de idade- ficou para a
próxima semana.
Na retomada da votação da reforma ontem, o governo se deparou com problemas antigos: a
pressão de deputados por benefícios em troca de seus votos e a falta
de quórum seguro para levar assuntos polêmicos ao plenário.
Os ruralistas aproveitaram a votação para pressionar o governo
por benefícios para os produtores
agrícolas. Eles reivindicam o aumento de 10 para 15 anos o prazo
para o pagamento das dívidas dos
produtores com o governo.
Segundo o deputado Augusto
Nardes (PPB-RS), a negociação
atinge os produtores que devem
até R$ 200 mil. O total da dívida é
de R$ 7 bilhões, disse o deputado.
Os produtores que devem acima
desse valor já conseguiram prazo
de 20 anos para o pagamento.
Além disso, também voltou a ser
cobrada a liberação dos recursos
das emendas parlamentares feitas
ao Orçamento de 1997. O governo
contou com reforço extra. A governadora Roseana Sarney
(PFL-MA) foi conversar com os
pefelistas. O ministro Waldeck
Ornélas (Previdência) passou o
dia na Câmara com deputados.
No início da noite, o governo
corria o risco de perder nas votações de dispositivos de forma separada, nas quais exigiriam os votos de 308 dos 513 deputados.
Por causa disso, os líderes governistas deveriam restringir a votação a duas emendas aglutinativas à
proposta, que não mudam pontos
importantes. Assim, cabe à oposição (autora) reunir os 308 e não ao
governo, que quer manter o texto.
Os deputados usaram as mais diversas justificativas para adiar
mais uma vez as votações polêmicas. Desde o jogo da seleção brasileira de futebol até a entrega da declaração do Imposto de Renda.
Líderes tiveram de assegurar que
a sessão acabaria às 20h, a tempo
de chegarem em casa para o jogo.
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