LUIS HENRIQUE AMARAL
enviado especial a Itaici

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) aprovou ontem a realização de uma campanha nacional de arrecadação de alimentos e dinheiro para atender os atingidos pela seca no Nordeste.
A campanha mobilizará as 8.000 paróquias pertencentes às 260 dioceses católicas existentes no país. Ela será coordenada pela Cáritas, organismo da CNBB responsável pela ação social da entidade e que tem experiência na organização de campanhas assistenciais.
A proposta foi aceita por aclamação dos bispos presentes na 36ª Assembléia Geral da entidade, que acontece até o dia 1º de maio em Itaici (distrito de Indaiatuba, a 110 km de São Paulo).
Segundo d. Demétrio Valentini, coordenador da Pastoral Social da CNBB e autor da proposta, a igreja vai colocar à disposição do governo suas paróquias no interior do Nordeste para que seja feita a distribuição do alimento.
A CNBB ainda deverá escolher hoje três bispos que vão solicitar uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso para apresentar a campanha e colocar a entidade à disposição do governo para auxiliar nas iniciativas contra a fome.
"Até porque houve interpelações mútuas, um grupo de bispos deve procurar o governo para discutir o assunto", disse d. Demétrio, se referindo à troca de críticas entre o clero e o governo sobre os saques que começam a acontecer no Nordeste.

FHC
Ontem, a CNBB preferiu não responder às críticas de FHC, que chamou de "imoral" o incentivo aos saques e de "irresponsáveis" os líderes políticos e religiosos que os defendem.
A assembléia da CNBB escolheu o arcebispo de Mariana (MG), d. Luciano Mendes de Almeida, para se pronunciar oficialmente sobre as declarações de FHC. "O importante não é o nosso modo de falar sobre o saque, mas a razão que leva as pessoas desesperadamente ao saque. E essa razão, que nos comove e nos compromete, é a fome", disse d. Luciano.



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