São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC articula para não perder o PMDB

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As dificuldades enfrentadas pelo comando do PMDB para homologar a aliança com o PSDB na eleição presidencial levaram o presidente Fernando Henrique Cardoso a convidar o senador Ney Suassuna (PB) para voltar a ocupar o Ministério da Integração Nacional.
FHC pediu um nome para o ministério ao líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). O senador disse que Suassuna ainda contava com o apoio da bancada, apesar de um assessor do senador ter sido recentemente flagrado com uma mala com R$ 100 mil. O presidente então pediu que Renan fizesse o convite. Suassuna ficou de responder hoje.
É possível que Suassuna recuse, o que o presidente agradeceria muito -ele não queria a volta do paraibano. O convite de FHC traduz as dificuldades registradas no PMDB para a confirmação da aliança com o presidenciável tucano José Serra. Resolvida a novela do vice, a campanha do tucano enfrenta nova provação: a perspectiva de o PMDB não homologar a aliança entre as duas siglas, em convenção marcada para 15 de junho.
Apesar de a direção do PMDB assegurar que detém entre 60% e 70% dos votos dos convencionais, os tucanos têm motivos para estar apreensivos: a diferença entre governistas e oposicionistas na última convenção do PMDB, realizada em março, foi de apenas 31 votos. Desde então, a ala dos insatisfeitos com a composição só fez aumentar.
O governador da Paraíba, José Maranhão, que sempre esteve com o comando partidário, por exemplo, deu um ultimato ao Planalto: ou o PFL se compõe com ele na eleição estadual, abandonando uma aliança já acertada com o PSDB, ou ele vota contra a coligação nacional.
O senador José Sarney (PMDB-AP), que detém cerca de 4,7% dos votos da convenção, também votou contra a prévia para a escolha de um candidato próprio, na convenção de março, como queria a direção peemedebista. Agora, está contra a aliança com Serra.
A situação se repete em Santa Catarina, onde PSDB e PMDB não conseguem se entender sobre a composição de uma chapa coligada. O senador gaúcho Pedro Simon (RS) passou a se constituir numa peça-chave: sentindo-se preterido na escolha da vice de Serra, pode engrossar o coro dos oposicionistas.
Há maior ou menor resistência à aliança, devido a problemas regionais, em 13 Estados. Para assegurar maioria a fim de homologar a aliança, a cúpula do PMDB exige que os tucanos ajudem na acomodação das duas siglas em todos esses Estados. A principal preocupação do PSDB é o recente namoro do ex-governador Orestes Quércia (SP) com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


Texto Anterior: Sala de Aula: "Vocês gostaram do interveio?"
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.