PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOÃO DAS MISSÕES

Dizendo-se cansados das administrações "brancas" e não mais querendo que seus direitos sejam defendidos apenas por porta-vozes, uma nova geração de índios está ingressando na vida político-partidária. Eles querem o poder local para que seus "parentes" participem das decisões.
São pré-candidatos a prefeito o xacriabá João Nunes de Oliveira, 28, em São João das Missões (MG), e o pataxó hã-hã-hãe Agnaldo Francisco dos Santos, 36, em Pau Brasil (BA).
Em 2000, segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), apenas um índio se elegeu prefeito -em Baía da Traição (PB). A Funai (Fundação Nacional do Índio) considera que dois índios foram eleitos em 2000 -inclui também a prefeita de Uiramutã (RR).
A nova geração é caracterizada por ter emergido das salas de aula. Oliveira formou-se professor e é diretor de escola indígena. Santos concluiu o ensino médio e o curso técnico de enfermagem.
Em 2000, Santos foi eleito vereador. Ao chegar à Câmara de Pau Brasil, não teve o direito de discursar em plenário. "Para poder exercer o meu direito de falar, tive que ir à Justiça e obter um mandado de segurança. Isso mostra que o preconceito ainda é grande."
Um dado difere Pau Brasil de São João das Missões. No município mineiro, os xacriabá são 63% da população de 10,2 mil habitantes e ao menos 48% do eleitorado local (dados de 2003 ), o que dá boas chances de vitória ao candidato indígena. Em Pau Brasil, os pataxó hã-hã-hãe representam 20% dos 13,8 mil habitantes.


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