São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

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Jefferson aponta acordo do PT com o PSDB para impedir depoimento de Dantas à CPI

DA REDAÇÃO

Quase um ano depois da entrevista em que revelou a existência do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse, ontem, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, que só três deputados foram cassados até agora no escândalo por causa de um acordo entre PT e PSDB, e que esse pacto se repetiu na não-convocação de Daniel Dantas pela CPI dos Bingos.
"Eu percebi, no acordo feito entre PT e PSDB, duas cabeças que desde o início rolariam. A minha e a do Zé Dirceu. Pela reputação e pelo passado do Pedro Corrêa e [José] Janene [ambos do PP], falei, vão junto. Eu creio que ainda o Janene possa ser cassado. Mas houve um grande acordo repetido agora na não-convocação do Daniel Dantas", afirmou.
Jefferson ainda envolveu o PFL no suposto acordo para não convocar Dantas, que acusa o PT de ter cobrado uma propina de cerca de US$ 50 milhões de seu banco, o Opportunity. Dantas também poderia ser questionado sobre irregularidades no processo de privatização das teles no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Jefferson disse ontem que o objetivo de suas duas entrevistas, dadas à Folha em 6 e 12 de junho do ano passado, em que revelou a existência do mensalão e o detalhou, foi atingido. "A denúncia do procurador-geral da República [denunciando 40 pessoas] repercute aquelas informações que eu dei no ano passado."
O ex-deputado voltou a inocentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de responsabilidade no mensalão, mas disse que ele foi omisso.
"Se eu o acusasse, estaria mentindo. Eu não mantive com o presidente nenhum diálogo que pudesse permitir uma acusação contra ele. A meu ver, ele peca por omissão, pois o núcleo duro dele está todo envolvido com irregularidades." Como membros do "núcleo duro" citou os ex-ministros José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken e os ex-dirigentes petistas José Genoino, Silvio Pereira e Delúbio Soares.
Sobre Dirceu, disse que os "instintos mais primitivos" que o deputado lhe despertava são "coisa do passado". "Passou, era muita mentira do José Dirceu e me incomodava muito. O Zé mentia demais, de maneira hipócrita."
Jefferson disse que, mantidas as alternativas atuais, votará no tucano Geraldo Alckmin na eleição presidencial deste ano, mas que torce pelo aparecimento de "uma terceira via" fora de PT e PSDB.


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