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Senadores pressionam Renan e caso vai ao Conselho de Ética
Aliados esperam que não surja nova acusação contra senador para esfriar o caso
Pedro Simon e Jefferson
Péres querem que ele se
afaste da presidência, e
PSOL formaliza dúvida
sobre quebra de decoro
FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), ter usado o plenário da Casa para negar que se
beneficiou de dinheiro de uma
empreiteira, um partido político ingressou no Conselho de
Ética com representação por
suposta quebra de decoro parlamentar. Paralelamente a isso,
alguns senadores pediram ontem que ele se afaste do cargo e
apresente mais explicações.
Apesar disso, o clima geral
entre os senadores ainda era de
apoio a Renan. Seus aliados
afirmavam não acreditar que a
representação prospere no
conselho, a não ser que surja
uma prova de que ele usava recursos da Mendes Júnior para
pagar pensão à jornalista Mônica Veloso -o que eles não acreditam que venha a acontecer.
O senador é suspeito de ter
usado dinheiro da empreiteira
para pagar desde 2004 pensão à
jornalista, com quem tem uma
filha de dois anos e oito meses.
O intermediário dos repasses
seria o lobista Cláudio Gontijo,
da Mendes Júnior.
Renan confirma os pagamentos, mas diz que o dinheiro
era seu. Ele só apresentou comprovação, contudo, para a pensão mensal de R$ 3.000 paga a
partir de dezembro de 2005,
quando assumiu a paternidade
da criança. Antes dessa data, ele
afirma que pagava R$ 8.000
mensais, mais o aluguel de um
imóvel em Brasília, mas não
apresentou comprovantes.
"Seria um gesto bonito se ele
se afastasse da presidência por
conta própria", afirma o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
"Isso não pode ficar sem uma
investigação própria da Casa",
diz Jefferson Péres (PDT-AM).
A representação protocolada
pelo PSOL também pede que
seja investigada uma outra suspeita sobre Renan, a sua relação com a construtora Gautama, cujo dono, Zuleido Veras,
foi preso sob acusação de fraude em licitações. Segundo telefonemas gravados pela PF, o senador teria trabalhado para a liberação de recursos para obras
tocadas pela empresa.
A secretaria-geral do Senado
afirmou que cabe à Mesa Diretora determinar a abertura do
processo por quebra do decoro.
Ela poderia arquivá-la caso a
considere improcedente, mas
há entendimento de que, pela
Constituição, representações
de partido obrigam a abertura
do processo. A Mesa é presidida
por Renan Calheiros e composta por outros sete senadores.
Se o processo for aberto e for
constatado que houve quebra
do decoro, as penas vão de uma
advertência até a cassação de
mandato. O conselho tem uma
reunião hoje para eleger seu
presidente -a vaga deve ficar
com Sibá Machado (PTAC).
Em sua defesa anteontem,
Renan disse ainda que constituiu um fundo de R$ 100 mil
para custear despesas futuras
com a educação da criança. O
advogado de Mônica Veloso,
Pedro Calmon, diz que o dinheiro era uma complementação à pensão de R$ 3.000.
Renan diz que essas despesas
constam de seu Imposto de
Renda, e o corregedor-geral do
Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), requisitou a documentação para fazer uma investigação preliminar. Hoje ou amanhã, o advogado Eduardo Ferrão promete apresentar documentos que comprovariam que
Renan tinha recursos para fazer pagamentos à jornalista.
"Ainda faltam documentos
para comprovar o que ele está
dizendo", disse o líder do PSB,
senador Renato Casagrande
(ES). "Acho importante que ele
complete os esclarecimentos",
afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
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