São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Senadores pressionam Renan e caso vai ao Conselho de Ética

Aliados esperam que não surja nova acusação contra senador para esfriar o caso

Pedro Simon e Jefferson Péres querem que ele se afaste da presidência, e PSOL formaliza dúvida sobre quebra de decoro

FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter usado o plenário da Casa para negar que se beneficiou de dinheiro de uma empreiteira, um partido político ingressou no Conselho de Ética com representação por suposta quebra de decoro parlamentar. Paralelamente a isso, alguns senadores pediram ontem que ele se afaste do cargo e apresente mais explicações.
Apesar disso, o clima geral entre os senadores ainda era de apoio a Renan. Seus aliados afirmavam não acreditar que a representação prospere no conselho, a não ser que surja uma prova de que ele usava recursos da Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso -o que eles não acreditam que venha a acontecer.
O senador é suspeito de ter usado dinheiro da empreiteira para pagar desde 2004 pensão à jornalista, com quem tem uma filha de dois anos e oito meses. O intermediário dos repasses seria o lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior.
Renan confirma os pagamentos, mas diz que o dinheiro era seu. Ele só apresentou comprovação, contudo, para a pensão mensal de R$ 3.000 paga a partir de dezembro de 2005, quando assumiu a paternidade da criança. Antes dessa data, ele afirma que pagava R$ 8.000 mensais, mais o aluguel de um imóvel em Brasília, mas não apresentou comprovantes.
"Seria um gesto bonito se ele se afastasse da presidência por conta própria", afirma o senador Pedro Simon (PMDB-RS). "Isso não pode ficar sem uma investigação própria da Casa", diz Jefferson Péres (PDT-AM).
A representação protocolada pelo PSOL também pede que seja investigada uma outra suspeita sobre Renan, a sua relação com a construtora Gautama, cujo dono, Zuleido Veras, foi preso sob acusação de fraude em licitações. Segundo telefonemas gravados pela PF, o senador teria trabalhado para a liberação de recursos para obras tocadas pela empresa.
A secretaria-geral do Senado afirmou que cabe à Mesa Diretora determinar a abertura do processo por quebra do decoro. Ela poderia arquivá-la caso a considere improcedente, mas há entendimento de que, pela Constituição, representações de partido obrigam a abertura do processo. A Mesa é presidida por Renan Calheiros e composta por outros sete senadores.
Se o processo for aberto e for constatado que houve quebra do decoro, as penas vão de uma advertência até a cassação de mandato. O conselho tem uma reunião hoje para eleger seu presidente -a vaga deve ficar com Sibá Machado (PTAC).
Em sua defesa anteontem, Renan disse ainda que constituiu um fundo de R$ 100 mil para custear despesas futuras com a educação da criança. O advogado de Mônica Veloso, Pedro Calmon, diz que o dinheiro era uma complementação à pensão de R$ 3.000.
Renan diz que essas despesas constam de seu Imposto de Renda, e o corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), requisitou a documentação para fazer uma investigação preliminar. Hoje ou amanhã, o advogado Eduardo Ferrão promete apresentar documentos que comprovariam que Renan tinha recursos para fazer pagamentos à jornalista.
"Ainda faltam documentos para comprovar o que ele está dizendo", disse o líder do PSB, senador Renato Casagrande (ES). "Acho importante que ele complete os esclarecimentos", afirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).


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