São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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Marta afirma que não vai sair em 2006 e que sempre diz o que pensa

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy (PT) disse anteontem, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, que pretende administrar a prefeitura, caso seja reeleita, até o fim do mandato, em 2008: "Não tenho nenhuma intenção de ser candidata a governadora em 2006".
Marta procurou desfazer a pecha de "arrogante" com a qual a oposição vem tentando lhe caracterizar. "Eu falo o que penso. Não fico em cima do muro", disse, numa referência velada aos tucanos. "Quando é uma mulher que age dessa forma, tem todos os adjetivos que se pode imaginar." Instada a dar uma explicação sobre seu alto índice de rejeição nas pesquisas eleitorais, ela recusou-se. "Não sou analista de pesquisa e não vou falar sobre isso. Não sei."
Segundo pesquisa Datafolha divulgada no domingo, Marta tem 42% de rejeição, Paulo Maluf (PP) tem 48% e José Serra (PSDB), 10%. Ela tem 20% das intenções de voto e está empatada com Maluf (24%). Serra tem 30%.
Mesmo procurando demonstrar bom humor e atenção aos jornalistas, a prefeita, sem alterar o tom de voz, foi irônica ao responder à diretora da Sucursal de Brasília da Folha, Eliane Cantanhêde.
A jornalista perguntou como Marta avaliava o alto índice de rejeição entre as mulheres (31% reprovam sua gestão). Marta insistiu que não sabia analisar. Cantanhêde disse que ela não respondia objetivamente às perguntas.
A jornalista citou ainda o fato de Marta haver escolhido para vice seu secretário do Governo, Rui Falcão, descartando uma aliança com o PMDB, o que sinalizava que a prefeita estaria interessada em candidatar-se ao governo.
Nesse momento, Marta respondeu: "É mais fácil o seu candidato disputar o governo". A jornalista, então, perguntou se Marta estava insinuando que ela votaria em José Serra (PSDB) ou em Paulo Maluf (PP). Marta limitou-se a rir e afirmou que não assinaria nenhum documento comprometendo-se a não deixar o cargo.
Marta justificou os gastos com publicidade dizendo que "é preciso se comunicar". E citou a campanha da dengue, que, segundo a prefeita, ajudou a reduzir o número de casos na cidade: "Você sabe quantos casos foram registrados neste ano em São Paulo?".
Ontem, Cantanhêde avaliou que "o Roda Viva pode ter explicado por que ela está caindo nas pesquisas". Para a jornalista, a prefeita "se mostrou refratária a perguntas legítimas". Cantanhêde disse que a postura de Marta "reforçou a imagem de arrogância; ao ser contrariada, reage ao velho estilo de acusar as pessoas".
A Folha procurou o assessor de imprensa de Marta na tarde de ontem. Telefonou duas vezes para a prefeitura e deixou recados em seu celular. Até o fechamento desta edição, não houve resposta. Para o presidente do diretório municipal do PT, Ítalo Cardoso, "a prefeita foi bem, bastante tranqüila". Disse que Marta "estava com os pés no chão e o que tinha dificuldade para responder, não respondeu e não inventou respostas".


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