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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Comissão é instalada com número mínimo
de votos graças a um senador da base aliada
Oposição instala CPI dos Bingos no Senado
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da tentativa de boicote
dos governistas, a oposição conseguiu instalar ontem a CPI dos
Bingos no Senado para investigar
o caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil flagrado em
vídeo negociando propina com
um empresário do ramo de jogos.
O senador Efraim Morais (PFL-PB) foi eleito presidente por unanimidade e disse que o relator deverá ser indicado pelos governistas. O vice-presidente é o senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR),
cujo partido é aliado ao governo,
mas deixou o bloco na Casa.
O número mínimo de votos para instalar a CPI -8 de 15 titulares- foi garantido com uma
"traição" do bloco aliado ao governo: o senador Magno Malta
(PL-ES), autor do requerimento
de criação da CPI. O petista Paulo
Paim (RS) apareceu depois.
"Se eu não viesse, estaria pagando um mico. Como poderia me
explicar depois?", disse Malta,
acompanhado pelo boxeador
Acelino Popó Freitas. "Trouxe o
Popó para me dar segurança, estava com medo", brincou.
Em reunião de líderes pela manhã, a oposição avisou que realizaria a sessão mesmo com a ausência do governo. Quando soube que a CPI foi instalada, o líder
do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP), telefonou
para os líderes Arthur Virgílio
(PDSB-AM) e José Agripino
(PFL-RN) para se queixar.
Mais tarde, Mercadante tentou
minimizar a questão e provocou
o PFL, que só quer começar os
trabalhos efetivamente após o recesso, em agosto. "Está instalada,
então é para investigar agora. Vamos cobrar da oposição que trabalhe no recesso", disse o líder.
Tentativas anteriores
A CPI quase foi instalada em
duas vezes anteriores. Quando foi
criada, no ano passado, os líderes
da base e o então presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP),
não indicaram os integrantes. A
oposição recorreu ao Supremo
Tribunal Federal e ganhou.
Na semana passada, governo e
oposição chegaram a negociar o
não-funcionamento da CPI, devido ao foco na CPI dos Correios.
Porém, o PFL recuou e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desautorizou o
acordo. Depois disso, o PFL pressionou pela instalação imediata,
apesar da resistência inicial do
PSDB. "O direito das minorias está assegurado", disse Agripino.
Na avaliação do líder tucano no
Senado, Arthur Virgílio, o governo está desarticulado e não conseguirá evitar também a instalação da CPI mista do "mensalão".
"As estratégias do governo estão
fazendo água", disse Virgílio.
O governo quer manter a investigação da suposta compra de votos restrita à Câmara e incluindo a
gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo governo foi acusado de comprar votos para aprovar a emenda que
permitiu sua reeleição, em 1997.
Com a CPI dos Bingos, o governo entra em mais uma batalha.
Em tese, a investigação diz respeito ao uso de casas de bingo pelo
crime organizado. Porém, a oposição quer investigar a atuação de
Waldomiro Diniz, que era homem de confiança do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil.
Waldomiro foi gravado em
2002 cobrando propina do empresário Carlos Augusto Ramos.
O dinheiro supostamente financiaria campanhas eleitorais.
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