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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente do TSE diz temer onda de reajustes estaduais
Marco Aurélio de Mello volta a criticar Lula, que, segundo ele, deveria dar exemplo de respeito à legislação a governadores
Para o magistrado, Lula, que reclamou que a lei o impedia de governar, não tem razão para "correr riscos", já que lidera as pesquisas eleitorais
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco
Aurélio de Mello, disse ontem
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva deve dar o exemplo de respeito às regras eleitorais "por ser o mandatário
maior" do país e que "a premissa" é não usar a máquina administrativa durante a campanha.
Com essa declaração, o ministro retomou a crítica a Lula
por causa de medidas que considera eleitoreiras, como a concessão de aumentos salariais a
categorias do funcionalismo a
menos de 180 dias das eleições.
O governo vai editar hoje sete
medidas provisórias elevando o
salário de mais de 1,7 milhão de
servidores, ao custo de cerca de
R$ 5,7 bilhões, apesar das contestações de Marco Aurélio sobre a legalidade da iniciativa.
Sobre os aumentos, o ministro disse temer que o exemplo
de Lula seja seguido por governadores e citou notícia de que a
governadora do Rio de Janeiro,
Rosinha Mateus (PMDB), pretenderia aumentar salário de
servidores estaduais.
Para Marco Aurélio, os governadores tendem a seguir o
modelo porque a medida rende
votos. "O exemplo vem de cima.
Há um apelo eleitoral muito
grande [na concessão de aumentos]. Basta considerar que
nenhum partido impugnou,
porque teria os votos contrários dos servidores."
Anteontem, o presidente do
TSE disse pela primeira vez que
o entendimento dele sobre a
ilegalidade dos aumentos é
uma interpretação da legislação e que ela não representa a
posição do conjunto dos ministros do tribunal. Em 2002, o
TSE liberou aumentos a categorias específicas, dizendo que
a lei só proíbe a "revisão geral"
acima da inflação do ano. Ontem, mais cauteloso, disse acreditar que Lula cumprirá a lei.
Ao ser questionado sobre
eventual abuso no evento que
anunciou o cumprimento da
meta do Bolsa-Família anteontem em Contagem (MG) -onde o ministro Patrus Ananias
(Desenvolvimento Social) pediu votos para o presidente-,
Marco Aurélio disse: "A premissa é que a máquina administrativa não pode ser utilizada para êxito na campanha".
O presidente do TSE voltou a
afirmar que eventuais irregularidades na campanha serão punidas com base na legislação,
que prevê a cassação da candidatura ou do mandato por abuso de poder econômico, abuso
de autoridade ou uso indevido
dos meios de comunicação.
Lula disse, em Contagem,
que a legislação limita a atuação do governante: "O Brasil é o
único país em que as eleições
impedem que a gente governe,
mas é assim para todo mundo,
não é só pra mim. Então não tenho do que me queixar".
Marco Aurélio classificou a
declaração de "arroubo de retórica" e afirmou que "ele [Lula]
pode e deve continuar governando, mas sofre limitações,
porque, a um só tempo, é mandatário maior e candidato".
Para ele, o fato de Lula liderar
as pesquisas reforça a necessidade de não praticar abusos.
"Meu Deus do céu, os levantamentos o têm como eleito no
primeiro turno. Por que correr
riscos? O cuidado tem de ser
maior por parte daquele que
concorre à reeleição."
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