São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Um radical, qualquer um

O ex-blog de Cesar Maia, que pauta a blogosfera tucano-pefelista, atravessou semanas com elogios a Felipe Calderón, candidato conservador no México.
Dizia ser modelo para Geraldo Alckmin, no ataque pessoal ao concorrente López Obrador. Mas há dias o ex-blogueiro parou. E o "Financial Times" aponta "sensação crescente de que Obrador pode vencer".

Para além das pesquisas, que trazem o esquerdista pouco à frente, o "FT" cita um levantamento com investidores estrangeiros e mexicanos. No próximo domingo, para os primeiros, vence Obrador. Para os segundos, Calderón.
- O que move os investidores locais? É provável que seja simples desejo. Afinal, eles não gostam de Obrador.
E tome debate sobre ele ser um Hugo Chávez ou um Lula. Em outro texto, o "FT" não chega a definir, mas dá frases dos últimos dias de Obrador:
- Não vamos aumentar a dívida pública... Não vamos aumentar impostos... [a empresários:] Nada temam.

 

As declarações ajudam a entender a nova edição da "Economist", que chega perto de apoiar sua eleição no editorial "Mudança, por favor".
Sublinhando que "a preocupação no México não é radicalismo, mas a falta de", diz que com o atual, Vicente Fox, que apóia Calderón, as instituições pouco avançaram.
Fox não agiu, por exemplo, contra "o escandaloso quase-monopólio que fez de Carlos Slim, da Telmex, o terceiro homem mais rico do mundo".
Em favor de Calderón, "ele quer reformas que o país precisa". Mas "não será vigoroso na defesa do interesse público contra empresários que financiaram sua campanha".
 

Sobra Obrador. E "há razões por que uma mudança para a esquerda seria boa".
Dizendo que as dúvidas "não fazem dele uma versão mexicana de Hugo Chávez", o editorial encerra com a defesa exaltada de mudanças:
- Revisão geral do Congresso, do sistema federativo e da polícia, para começar, e reformas na política de concorrência, de energia, trabalho... O México precisa de um radical para presidente.

ECOS
Globo/Reprodução
"A TV digital vai representar uma conquista de qualidade", proclamou William Bonner no "Jornal Nacional"

Dos telejornais da Globo, sobre o padrão japonês:
- A nova tecnologia é uma revolução na qualidade das transmissões. A TV do futuro... Com a TV digital, imagens e som são transmitidos em linguagem de computador de alta qualidade... Uma transmissão de alta qualidade. Além da imagem de cinema, o padrão japonês vai trazer outras vantagens... Todos os telespectadores serão beneficiados.
Hélio Costa falou. Lula, também. Na home da Globo. com, "Veja as vantagens do sistema com alta qualidade".

VENDETTA!
Até o francês "Le Monde" destacou, em título, que a "Imprensa brasileira conta "vingar" a derrota de 98".
Com dois dias sem jogos, as Globos não cobrem outra coisa. De um apresentador do SporTV para duas atrizes de novela, ontem, "dá sensação de "quero me vingar'?". E uma das atrizes, "vendetta!".

"V" DE VINGANÇA
No "JN", o cronista Pedro Bial ironizou a resistência de Cafu e outros à palavra, editando supostas perguntas suas em meio a declarações dadas pelos jogadores:
- Ah, então pode chamar de trauma?... Marca, trauma não... A questão parece ser a palavra "v". "V" de vingança.
Se os jogadores resistem tanto, instruiu Bial por fim, com sarcasmo, "não quer dizer que o torcedor não possa encarar como vingança".

AMOTINADOS
Após atacar mas logo ceder a Carlos Alberto Parreira, as Globos acham novo alvo.
Anteontem no SporTV, Milton Leite falava contra o capitão Cafu com o discurso -e a voz- no limite do ódio.
E ontem até Fátima Bernardes entrou no esforço de fixar a imagem de que Cafu foi "culpado" pelas vaias à seleção no jogo contra Gana.

SOB SÍTIO
O Brasil não está sozinho na patriotada. A exemplo do "Le Monde", o jornal inglês "The Guardian" trouxe, em título, que "Scolari adiciona mentalidade de sítio, e Portugal se enraivece com imprensa".
Era referência às entrevistas de jogadores e do treinador, com boicote e ataques aos jornais da Inglaterra, o adversário de hoje da seleção.
Por "mentalidade de sítio", entenda-se "fechar o grupo".

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@ - Nelson de Sá


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