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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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CASO CC-5

Depoimento não trouxe novidade

Castilho diz ser vítima de "operação abafa"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No depoimento mais esperado da CPI do Banestado, o delegado José Castilho Neto não apresentou novidades aos deputados e senadores que integram a comissão.
Em momento reservado da sessão, que durou quase 12 horas, ele repetiu nomes de políticos já divulgados pela imprensa como supostos beneficiários de remessas via CC-5. Disse, no entanto, não haver condições de, sem a conclusão do rastreamento do dinheiro no sistema financeiro internacional, saber se se tratam de homônimos ou de figuras conhecidas.
Castilho declarou ter sido vítima de uma "operação abafa", responsável pelo seu afastamento do caso -desde maio do ano passado, ele não preside mais nenhum inquérito policial relacionado ao Banestado. Não disse, porém, quem comandaria tal "operação".
Questionou a decisão, que seria da Polícia Federal, de distribuir cópias do laudo pericial, concluído no ano passado, que mapeia 137 contas da agência do Banestado de Nova York, pela qual teriam passado US$ 30 bilhões entre 96 e 99 em remessas feitas por meio de contas CC-5, em Foz do Iguaçu.
"Pode ter se formado um propinoduto com a venda de informações do laudo", declarou, acusando o Banco Central. Depois, recuou. "Não tenho essas informações. A gente acredita que possa haver [esquema de venda de dados]. Mas precisamos investigar."
A assessoria de imprensa do Banco Central informou que não cabe à instituição comentar o encaminhamento da CPI e que tem colaborado com as investigações.
Castilho menosprezou o acordo de cooperação judiciária em matéria penal entre Brasil e Estados Unidos, o Mlat, instrumento para investigações internacionais. "O Mlat é só uma ferramentinha."
Ontem, o Ministério Público Federal apresentou ao Ministério da Justiça documentos relacionados a 25 contas que, partindo do Banestado de Nova York, movimentaram recursos no sistema financeiro americano. Será pedida quebra de sigilo pelo Mlat.
O depoimento de Castilho produziu críticas e elogios. "Ele mostrou que tem informações relevantes", declarou o relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP). "Não podemos trabalhar com as informações dele como se fossem sérias", disse o deputado suplente Paulo Bernardo (PT-PR).
(ANDRÉA MICHAEL)


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