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Leilão tem clima tranquilo
CYNARA MENEZES
enviada especial ao Rio
Se do lado de fora o clima era
de guerra, dentro do prédio da
Bolsa tudo ocorreu tão tranquilo quanto os prazos que os
consórcios têm agora para pagar as teles - espécie de cheque pré-datado, com entrada e
duas prestações.
A confraternização era geral.
Abraços, parabéns, aplausos,
troca de elogios entre os vencedores. O retrato da satisfação
estava estampado no rosto da
superintendente de Privatização do BNDES, Estela Palombo, que comemorava: "Vendemos. Agora tudo que eu
quero é fumar um cigarro". É
proibido fumar na Bolsa.
Os mais eufóricos eram os espanhóis, totalmente orgulhosos deles mesmos por haver arrebatado a "joya de la corona',
como definiram a Telesp. Ou,
em tradução livre: o filé da telefonia. Pela alegria reinante,
tampouco se pode dizer que alguém levou o osso.
A disputa, não muito surpreendente, teve momentos
emocionantes nas duas disputas de viva voz, que faziam
lembrar ao distraído que se
tratava de um leilão. Em busca
de emoções fortes, os concorrentes vibravam quando era
anunciada a disputa em lances.
Nesse momento, um personagem anônimo tinha seu momento de glória: o operador.
Quem dá o lance é o representante da empresa, mas quem
grita no pregão é ele. E não pode vacilar.
O operador que comemorou
a compra da Telesp Celular
(outro filé) para a Portugal Telecom, Laércio dos Santos, 34,
15 de mercado financeiro, apelou para a ajuda divina.
"Confesso que na hora de
entregar eu consagrei (benzi) o
envelope", disse Santos, que é
dublê de bispo evangélico na
igreja Renascendo em Cristo
em São Paulo.
Entre operadores, investidores e jornalistas, outra figura
também se destacava: o candidato a deputado federal e
ex-presidente do BNDES Márcio Fortes, que distribuía santinhos em pleno pregão. Tantos
ternos e cifrões pareciam mesmo ser o local perfeito para encontrar patrocinadores de
campanha.
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