|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Leilão começa com duas liminares em vigor
e da Sucursal do Rio
O leilão de privatização do Sistema Telebrás foi aberto antes da
cassação, pelo menos formal, de
duas liminares concedidas por juízes federais da Bahia para suspender a sua realização.
O governo e o presidente do TRF
(Tribunal Regional Federal) da 1ª
região, Plauto Ribeiro, que examinou os recursos contra as liminares, apresentaram diferentes versões sobre esse fato.
O leilão pôde ser aberto porque a
direção da Bolsa de Valores do Rio
de Janeiro não chegou a ser formalmente comunicada das decisões judiciais.
O ministro das Comunicações,
Luiz Carlos Mendonça de Barros, e
o advogado-geral da União, Geraldo Quintão, disseram que, às 10h,
quando o pregão começou, todas
as liminares haviam sido cassadas.
Segundo Quintão, o procurador
da União que ajuizou os recursos
no TRF, Amaury Carvalho, foi informado sobre a cassação das duas
liminares a tempo de garantir o
início do pregão na hora marcada.
O juiz Plauto Ribeiro disse, por
intermédio da assessoria de imprensa do TRF, que a AGU (Advocacia Geral da União) e os jornalistas foram comunicados simultaneamente da cassação das liminares: às 10h45 e 10h50.
Ele não esclareceu se, antes desses despachos, havia dado garantia
verbal a advogados do governo sobre a cassação. Essa garantia não é
praxe no Poder Judiciário.
Logo após a abertura do leilão,
funcionários de Ribeiro afirmaram que um dos recursos ajuizados no protocolo do tribunal não
havia nem sequer chegado ao gabinete e que o outro ainda estava
sendo apreciado.
Geraldo Quintão deu explicação
oposta: "Quando eu saí do meu
gabinete (antes das 10h), já sabia
da cassação. A notícia parece só ter
saído 50 minutos depois. Vale a
hora em que ele (o juiz) assinou."
O presidente da Fittel (Federação
Interestadual dos Trabalhadores
em Empresas de Telecomunicação), Luiz Antônio Souza e Silva,
disse ontem que a entidade irá pedir a anulação do leilão por conta
do horário da cassação. "As liminares expedidas não foram respeitadas. O governo fez o leilão na
marra", disse Souza e Silva.
A tentativa de anulação do leilão,
impedindo a liquidação financeira
das 12 holding do Sistema Telebrás, têm poucas chances de êxito,
porque as liminares só têm efeito a
partir da citação do órgão promotor do leilão.
A comunicação à direção da Bolsa pode ser feita por fax, telex ou
carta precatória, uma ordem judicial pela qual o juiz de um Estado
pede ao de outro que determine o
cumprimento de uma decisão.
Às 18h de anteontem, a 6ª Vara
Federal da Bahia concedeu liminar
em uma ação popular. Às 20h30 do
mesmo dia, a 5ª Vara Federal daquele Estado concedeu outra em
uma ação civil pública.
A Justiça Federal do Rio recebeu
na madrugada de ontem carta precatória para cumprimento de uma
das liminares da Bahia. Mas, antes
que essa ordem fosse executada, o
juiz Plauto Ribeiro já havia cassado a liminar e determinado a comunicação por fax ou telex.
Essa carta precatória foi enviada
ao Rio para que um oficial de Justiça fosse à sede da Bolsa para apresentar a decisão judicial.
Para isso, precisaria passar por
um trâmite burocrático: ser distribuída a um juiz, que a examinaria
e determinaria o cumprimento. Isso não ocorreu. Os dois juízes da
Bahia determinaram a citação da
Telebrás por fax.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|