|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PLANO DE VÔO
Ministro do Planejamento havia anunciado meta de 60 mil
Lula agora planeja assentar só 25 mil famílias em 2004
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos anexos do projeto de lei
orçamentária encaminhado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso anteontem revela que a meta de assentamentos de
sem-terra em 2004 é de pouco
mais de 25 mil famílias, menos da
metade do número divulgado pelo ministro Guido Mantega (Planejamento), de 60 mil famílias.
Segundo o demonstrativo de
metas e prioridades do Orçamento, o Ministério do Desenvolvimento Agrário assentará 25.108
famílias. Esse é o mesmo número
indicado no documento para a
meta de famílias atendidas com
crédito para instalação de assentamentos e com assistência técnica e capacitação. Para a compra
de terras e a concessão de crédito
para as famílias assentadas, a proposta de Orçamento destina R$
600 milhões em 2004, mais da metade da verba destinada a investimento e custeio do Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
O capítulo de metas agrárias
prevê ainda a concessão de crédito para recuperação de 15.197 famílias já assentadas e o apoio e assistência técnica para outras 37
mil famílias, assim como a emancipação de 50 assentamentos.
A falta de verbas em 2003 no
Ministério do Desenvolvimento
Agrário foi um dos motivos do
acirramento dos conflitos de terra
no primeiro ano de mandato de
Lula. O ministério avalia que o dinheiro disponível neste ano -R$
713,2 milhões- só será suficiente
para assentar 10 mil famílias até o
final do ano, embora a meta fixada para 2003 fosse assentar 60 mil
famílias. Depois o governo disse
que assentaria esse número de famílias até março do ano que vem.
O Incra já cadastrou cerca de 80
mil famílias acampadas no país,
mas avalia que o número poderá
ultrapassar cem mil famílias até o
final do levantamento que vai definir o tamanho do universo da
clientela da reforma agrária.
A proposta de Orçamento para
2004 reserva para o Desenvolvimento Agrário um aumento de
41% nas dotações. Segundo o ministro Guido Mantega, o dinheiro
seria suficiente para assentar 60
mil famílias porque o governo
lançará mão de terras públicas para atingir a meta. O problema é
que, mesmo assentadas em terras
públicas, as famílias sem terra exigiriam créditos para instalação
que não foram indicados no anexo das metas do Orçamento.
Além do assentamento de novas famílias e da consolidação dos
assentamentos já estabelecidos, o
programa do ministério prevê a
alfabetização de 44.500 jovens e
adultos nas áreas de reforma
agrária. Em outras áreas também
consideradas prioritárias pelo governo, o anexo das metas do Orçamento prevê o estímulo financeiro que garanta o primeiro emprego a 102.738 jovens de 15 a 18
anos no próximo ano, a restauração de 4,6 mil quilômetros de rodovias federais e a conservação de
outros 66,3 mil quilômetros.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Outro lado: Planejamento diz que documento vai ser corrigido Índice
|