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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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PLANO DE VÔO

Ministro do Planejamento havia anunciado meta de 60 mil

Lula agora planeja assentar só 25 mil famílias em 2004

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos anexos do projeto de lei orçamentária encaminhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso anteontem revela que a meta de assentamentos de sem-terra em 2004 é de pouco mais de 25 mil famílias, menos da metade do número divulgado pelo ministro Guido Mantega (Planejamento), de 60 mil famílias.
Segundo o demonstrativo de metas e prioridades do Orçamento, o Ministério do Desenvolvimento Agrário assentará 25.108 famílias. Esse é o mesmo número indicado no documento para a meta de famílias atendidas com crédito para instalação de assentamentos e com assistência técnica e capacitação. Para a compra de terras e a concessão de crédito para as famílias assentadas, a proposta de Orçamento destina R$ 600 milhões em 2004, mais da metade da verba destinada a investimento e custeio do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O capítulo de metas agrárias prevê ainda a concessão de crédito para recuperação de 15.197 famílias já assentadas e o apoio e assistência técnica para outras 37 mil famílias, assim como a emancipação de 50 assentamentos.
A falta de verbas em 2003 no Ministério do Desenvolvimento Agrário foi um dos motivos do acirramento dos conflitos de terra no primeiro ano de mandato de Lula. O ministério avalia que o dinheiro disponível neste ano -R$ 713,2 milhões- só será suficiente para assentar 10 mil famílias até o final do ano, embora a meta fixada para 2003 fosse assentar 60 mil famílias. Depois o governo disse que assentaria esse número de famílias até março do ano que vem.
O Incra já cadastrou cerca de 80 mil famílias acampadas no país, mas avalia que o número poderá ultrapassar cem mil famílias até o final do levantamento que vai definir o tamanho do universo da clientela da reforma agrária.
A proposta de Orçamento para 2004 reserva para o Desenvolvimento Agrário um aumento de 41% nas dotações. Segundo o ministro Guido Mantega, o dinheiro seria suficiente para assentar 60 mil famílias porque o governo lançará mão de terras públicas para atingir a meta. O problema é que, mesmo assentadas em terras públicas, as famílias sem terra exigiriam créditos para instalação que não foram indicados no anexo das metas do Orçamento.
Além do assentamento de novas famílias e da consolidação dos assentamentos já estabelecidos, o programa do ministério prevê a alfabetização de 44.500 jovens e adultos nas áreas de reforma agrária. Em outras áreas também consideradas prioritárias pelo governo, o anexo das metas do Orçamento prevê o estímulo financeiro que garanta o primeiro emprego a 102.738 jovens de 15 a 18 anos no próximo ano, a restauração de 4,6 mil quilômetros de rodovias federais e a conservação de outros 66,3 mil quilômetros.


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