São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Tucanos sobem tom contra Lula e corrupção

Em evento com empresários e artistas, FHC afirma que momento é de botar "fogo no palheiro" para despertar indignação

"Jesus Cristo expulsou os vendilhões do templo. Nós vamos expulsar esses vendilhões da pátria", diz candidato à Presidência


CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O tucano Geraldo Alckmin transformou ontem um almoço com seus apoiadores, em São Paulo, no início de uma nova fase na sua campanha a presidente, na qual os ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no campo da ética serão mais diretos e contundentes.
Presente ao evento, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu o tom de como deverá ser a nova estratégia de PSDB e PFL: "É preciso despertar a indignação [com as denúncias de corrupção contra o governo], é fogo no palheiro".
O encontro, no Jockey Club (zona sul), foi também uma resposta do PSDB ao ator Paulo Betti, apoiador da reeleição de Lula, para quem é "difícil fazer política sem sujar as mãos".
Quase todos os discursos citaram a expressão "mãos limpas" em referência a Alckmin e fizeram alusões ao mensalão. Em sua fala, que encerrou o evento, o candidato afirmou: "Jesus expulsou os vendilhões do templo. Nós vamos expulsar esses vendilhões da pátria".
Cumprimentado por participantes do encontro pela ênfase de seu discurso, FHC justificou: "Tem que bater. Tem que bater. Se não, o pessoal não sente energia". "É isso aí", disse, comentando à Folha: "O povo quer mais sangue, né?".
Os tucanos enxergam na afirmação feita por Lula anteontem à noite, em reunião com intelectuais, um nova brecha para desgastá-lo. O petista disse que "esse é o jogo real da política, que precisou ser feito".
"A política não pode ser um clube de má-fama", respondeu Alckmin. Um dos discursos mais inflamados pela "dignidade" foi feito pela publicitária Christina Carvalho Pinto, presidente da agência Full Jazz. O Tribunal de Contas do Estado, no entanto, considerou "irregularidade grave" o pagamento pela Nossa Caixa, banco do governo paulista, na gestão Alckmin por serviços prestados pela agência dela sem contrato.
Na platéia, formada por 528 pessoas que pagaram R$ 1.000 cada, estavam esportistas, artistas e empresários como José Roberto Ermírio de Moraes (grupo Votorantim), Mário Amato e Horácio Lafer Piva (ex-presidentes da Fiesp), Paulo Satubal (Duratex) e Fábio Barbosa (banco Real).
O evento foi o primeiro ato de uma estratégia que tem como objetivo "constranger" o eleitor de Lula, já que seu governo foi alvo de três CPIs.
FHC evocou o personagem Macunaíma para comparar Alckmin com Lula. Após ter dito que o tucano "tem caráter", completou: "Não é preciso ser macunaímico para dizer que é popular". Em "Macunaíma - O Herói Sem Nenhum Caráter", Mário de Andrade criou um anti-herói que muda de opinião conforme a circunstância.


Veja os nomes dos presentes ao almoço com Alckmin

Texto Anterior: Heloísa afirma que é "limpinha", terna e furiosa
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.