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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Tucanos sobem tom contra Lula e corrupção
Em evento com empresários e artistas, FHC afirma que momento é de botar "fogo no palheiro" para despertar indignação
"Jesus Cristo expulsou os vendilhões do templo. Nós vamos expulsar esses vendilhões da pátria", diz candidato à Presidência
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O tucano Geraldo Alckmin
transformou ontem um almoço
com seus apoiadores, em São
Paulo, no início de uma nova fase na sua campanha a presidente, na qual os ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
no campo da ética serão mais
diretos e contundentes.
Presente ao evento, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso deu o tom de como deverá ser a nova estratégia de
PSDB e PFL: "É preciso despertar a indignação [com as denúncias de corrupção contra o
governo], é fogo no palheiro".
O encontro, no Jockey Club
(zona sul), foi também uma resposta do PSDB ao ator Paulo
Betti, apoiador da reeleição de
Lula, para quem é "difícil fazer
política sem sujar as mãos".
Quase todos os discursos citaram a expressão "mãos limpas" em referência a Alckmin e
fizeram alusões ao mensalão.
Em sua fala, que encerrou o
evento, o candidato afirmou:
"Jesus expulsou os vendilhões
do templo. Nós vamos expulsar
esses vendilhões da pátria".
Cumprimentado por participantes do encontro pela ênfase
de seu discurso, FHC justificou: "Tem que bater. Tem que
bater. Se não, o pessoal não
sente energia". "É isso aí", disse, comentando à Folha: "O povo quer mais sangue, né?".
Os tucanos enxergam na
afirmação feita por Lula anteontem à noite, em reunião
com intelectuais, um nova brecha para desgastá-lo. O petista
disse que "esse é o jogo real da
política, que precisou ser feito".
"A política não pode ser um
clube de má-fama", respondeu
Alckmin. Um dos discursos
mais inflamados pela "dignidade" foi feito pela publicitária
Christina Carvalho Pinto, presidente da agência Full Jazz. O
Tribunal de Contas do Estado,
no entanto, considerou "irregularidade grave" o pagamento
pela Nossa Caixa, banco do governo paulista, na gestão Alckmin por serviços prestados pela agência dela sem contrato.
Na platéia, formada por 528
pessoas que pagaram R$ 1.000
cada, estavam esportistas, artistas e empresários como José
Roberto Ermírio de Moraes
(grupo Votorantim), Mário
Amato e Horácio Lafer Piva
(ex-presidentes da Fiesp), Paulo Satubal (Duratex) e Fábio
Barbosa (banco Real).
O evento foi o primeiro ato
de uma estratégia que tem como objetivo "constranger" o
eleitor de Lula, já que seu governo foi alvo de três CPIs.
FHC evocou o personagem
Macunaíma para comparar
Alckmin com Lula. Após ter dito que o tucano "tem caráter",
completou: "Não é preciso ser
macunaímico para dizer que é
popular". Em "Macunaíma - O
Herói Sem Nenhum Caráter",
Mário de Andrade criou um
anti-herói que muda de opinião conforme a circunstância.
Veja os nomes dos presentes ao almoço com Alckmin
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