São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007

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Para Lula, eleição foi resposta ao mensalão

Ao comentar a decisão do STF, petista diz que oposição tentou atingi-lo com o escândalo, mas que ele foi aprovado por "61% do povo"

Dulci afirma que caso "não tem a ver com o governo" e que julgamento vem das urnas: "O povo soberano reelegeu nosso presidente"

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira manifestação pública desde que o Supremo iniciou o julgamento dos acusados de participar do mensalão, no dia 22, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a oposição tentou atingi-lo com o episódio, mas que "61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado".
"Eles tentaram me atingir e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado. Eles sabem perfeitamente bem o que é um processo", afirmou, na prática rejeitando que o seu governo tenha sido colocado no banco dos réus após a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Três ex-ministros de Lula responderão a processo no tribunal: José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Secom) e Anderson Adauto (Transportes).
As declarações foram dadas ao final da cerimônia de lançamento de livro que explicita torturas e mortes cometidas pelos órgãos de repressão da ditadura militar (1964-1985). O presidente Lula evitou falar com a imprensa nos cinco dias do julgamento, que se encerrou anteontem, apesar de ter participado de diversas solenidades públicas no período.
Ontem, ele disse que o julgamento do STF aconteceu dentro do que ele previa que ocorresse em um país democrático, com instituições sólidas.
"Houve um processo, houve pedido de indiciamento, houve aceitação desse indiciamento. Ou seja, até agora, ninguém foi inocentado ou culpado. Agora começa o processo de cada advogado fazer a defesa e o processo vai entrar em rotina normal", afirmou.
O presidente também disse que assiste às sessões do Supremo, "sem poder dar palpite nas decisões". "O que aconteceu, na verdade, é uma demonstração de que no Brasil as instituições estão funcionando, a democracia está sólida."
O petista ressaltou também que agora o processo começa e "quem tiver culpa pagará o preço". "Quem não tiver, será inocentado e quem ganhará com isso será a democracia brasileira", avaliou.

"Consagradora"
Mais cedo, em outra solenidade no Palácio do Planalto, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) fez uma avaliação semelhante à do presidente sobre o mensalão. Ele disse que já houve um julgamento, nas urnas, e que o governo recebeu "aprovação consagradora" do povo brasileiro.
"Isso não tem nada a ver com o governo", repudiou Dulci, primeiro ministro petista a comentar publicamente a decisão do Supremo.
Dulci, que integra a executiva do PT, disse que a decisão dos ministros do STF foi baseada nos autos e que não havia "nada" sobre o governo do presidente Lula em exame.
"Quem julga na democracia é o povo soberano, e o povo soberano reelegeu consagradoramente o nosso presidente", disse Dulci.
O ministro também defendeu que o assunto mensalão fique fora da pauta do congresso do PT, que acontece neste fim de semana, em São Paulo. Ele disse que o partido deveria discutir a pauta debatida e levantada nas "bases".
"É compreensível que a oposição queira impor a sua pauta ao PT. Mas é compreensível também -e desejável- que o PT discuta os problemas que afligem a maioria da população, que são a qualidade de vida, a inclusão social e a geração de emprego", disse.


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