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Para Lula, eleição foi resposta ao mensalão
Ao comentar a decisão do STF, petista diz que oposição tentou atingi-lo com o escândalo, mas que ele foi aprovado por "61% do povo"
Dulci afirma que caso "não tem a ver com o governo" e que julgamento vem das urnas: "O povo soberano reelegeu nosso presidente"
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira manifestação
pública desde que o Supremo
iniciou o julgamento dos acusados de participar do mensalão,
no dia 22, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse ontem que a oposição tentou atingi-lo com o episódio, mas que
"61% do povo deu a resposta na
eleição do ano passado".
"Eles tentaram me atingir e
61% do povo deu a resposta na
eleição do ano passado. Eles sabem perfeitamente bem o que é
um processo", afirmou, na prática rejeitando que o seu governo tenha sido colocado no banco dos réus após a decisão do
Supremo Tribunal Federal.
Três ex-ministros de Lula
responderão a processo no tribunal: José Dirceu (Casa Civil),
Luiz Gushiken (Secom) e Anderson Adauto (Transportes).
As declarações foram dadas
ao final da cerimônia de lançamento de livro que explicita
torturas e mortes cometidas
pelos órgãos de repressão da ditadura militar (1964-1985). O
presidente Lula evitou falar
com a imprensa nos cinco dias
do julgamento, que se encerrou
anteontem, apesar de ter participado de diversas solenidades
públicas no período.
Ontem, ele disse que o julgamento do STF aconteceu dentro do que ele previa que ocorresse em um país democrático,
com instituições sólidas.
"Houve um processo, houve
pedido de indiciamento, houve
aceitação desse indiciamento.
Ou seja, até agora, ninguém foi
inocentado ou culpado. Agora
começa o processo de cada advogado fazer a defesa e o processo vai entrar em rotina normal", afirmou.
O presidente também disse
que assiste às sessões do Supremo, "sem poder dar palpite nas
decisões". "O que aconteceu, na
verdade, é uma demonstração
de que no Brasil as instituições
estão funcionando, a democracia está sólida."
O petista ressaltou também
que agora o processo começa e
"quem tiver culpa pagará o preço". "Quem não tiver, será inocentado e quem ganhará com
isso será a democracia brasileira", avaliou.
"Consagradora"
Mais cedo, em outra solenidade no Palácio do Planalto, o
ministro Luiz Dulci (Secretaria
Geral da Presidência) fez uma
avaliação semelhante à do presidente sobre o mensalão. Ele
disse que já houve um julgamento, nas urnas, e que o governo recebeu "aprovação consagradora" do povo brasileiro.
"Isso não tem nada a ver com
o governo", repudiou Dulci,
primeiro ministro petista a comentar publicamente a decisão
do Supremo.
Dulci, que integra a executiva
do PT, disse que a decisão dos
ministros do STF foi baseada
nos autos e que não havia "nada" sobre o governo do presidente Lula em exame.
"Quem julga na democracia é
o povo soberano, e o povo soberano reelegeu consagradoramente o nosso presidente", disse Dulci.
O ministro também defendeu que o assunto mensalão fique fora da pauta do congresso
do PT, que acontece neste fim
de semana, em São Paulo. Ele
disse que o partido deveria discutir a pauta debatida e levantada nas "bases".
"É compreensível que a oposição queira impor a sua pauta
ao PT. Mas é compreensível
também -e desejável- que o
PT discuta os problemas que
afligem a maioria da população,
que são a qualidade de vida, a
inclusão social e a geração de
emprego", disse.
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