|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Conselho vota processo de Renan sob tensão
Funcionário do Senado que disse ter sofrido pressão recua; julgamento começa com polêmica jurídica sobre voto aberto ou fechado
Peemedebista nega em plenário interferência em elaboração de parecer da Mesa que determina o voto secreto e cerceia relatório
FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A acusação de um alto funcionário do Senado de que o
presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), estaria
utilizando o poder do cargo para interferir no processo contra
ele por quebra de decoro no
Conselho de Ética acirrou os
ânimos e aumentou a pressão
para que o senador deixe o posto. O episódio provocou mais
um bate-boca no plenário. O
conselho inicia hoje a votação
do processo contra o senador
ainda com a polêmica se o voto
será aberto ou fechado.
Secretário-geral adjunto da
Mesa Diretora, Marcos Santi,
oficializou ontem seu pedido
de afastamento. Ele foi ouvido
por dois relatores do processo
contra Renan e pelo corregedor
do Senado, Romeu Tuma
(DEM-SP). Na terça-feira,
quando anunciou que deixaria
o cargo, o servidor disse que o
parecer da consultoria legislativa sobre os procedimentos de
votação no conselho era "uma
interpretação encomendada"
para beneficiar Renan.
A determinação do parecer é
que a votação no conselho tem
que ser secreta e que os pareceres dos relatores não podem ser
conclusivos, ou seja, explícitos
em recomendar a cassação.
Ontem, pressionado com a
ameaça de um processo administrativo que pode resultar em
sua demissão, Santi recuou.
"Em momento algum concedi
entrevista a qualquer veículo
de comunicação", afirmou ele
no documento. A carta foi lida
por Renan no plenário.
"Quem conhece o meu perfil
sabe que jamais permitiria que
alguém fosse pressionado", disse o presidente da Casa. "Nunca permiti que utilizassem a
máquina do Senado para beneficiar ninguém", acrescentou.
Renan foi imediatamente
contestado. "Esse servidor disse a mim que ele não sofreu
pressão direta, mas que ele se
sentiu coagido o tempo todo. A
consultoria e a advocacia do Senado foram orientadas a produzir peças de determinada
forma", afirmou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Os relatores do processo contra Renan, Renato Casagrande
(PSB-ES) e Marisa Serrano
(PSDB-MS), afirmam que é flagrante a tentativa de Renan de
interferir no processo. Procurado pela Folha, Santi não quis
dar declarações.
Diante da polêmica sobre o
parecer, o conselho inicia o julgamento hoje com o risco de
nem sequer ser lido o relatório
que recomenda a cassação do
mandato. Na véspera da votação, não havia certeza se o voto
será aberto ou fechado.
Ontem à noite, um novo parecer, de autoria de outro consultor da Casa, feito a pedido
do líder do DEM, José Agripino
Maia (RN), defendeu que o voto seja aberto. A expectativa é
de um confronto jurídico hoje.
Casagrande e Marisa anunciaram que não apresentarão o
parecer caso sejam impedidos
de se manifestarem pela perda
do mandato. O outro relator,
Almeida Lima (PMDB-SE), defende a absolvição de Renan.
A origem do processo foi denúncia de que Renan teria usado um lobista da Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem
tem uma filha. Ele nega.
Texto Anterior: Funcionalismo: Lula defende as contratações de mais servidores públicos Próximo Texto: Toda Mídia - Nelson de Sá: Enquanto isso Índice
|