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INVESTIGAÇÃO
Márcio Decat era acusado de irregularidades
Procurador-geral da Justiça em Minas deixa cargo após escândalo
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O procurador-geral da Justiça
de Minas Gerais, Márcio Decat de
Moura, 52, antecipou-se à apresentação do resultado das investigações sobre um suposto envolvimento seu com o jogo ilegal no
Estado e pediu ontem aposentadoria, deixando o cargo que ocupava havia dez meses.
Decat tomou a atitude horas antes do possível início de seu processo de impeachment. O Colégio
dos Procuradores do Ministério
Público reuniu-se na tarde de ontem e analisava o resultado da investigação interna do órgão sobre
a suspeita de corrupção envolvendo o procurador-geral. A reunião
não havia terminado até as 17h.
Ontem mesmo assumiu o procurador mais antigo do Ministério Público, Abelardo Teixeira
Nunes, 67. Ele deverá convocar,
dentro de 30 dias, uma nova eleição entre os 673 promotores e
procuradores do Estado, que resultará em uma lista tríplice a ser
apresentada ao governador Itamar Franco, para que ele defina o
novo procurador-geral.
O escândalo no Ministério Público de Minas, o pior de sua história, estourou no final do mês
passado, com a divulgação da gravação de suposta conversa telefônica entre o ex-superintendente
administrativo do órgão Márcio
Miranda Gonçalves, genro de Decat, e um intermediário de donos
de máquinas caça-níquel.
Na conversa, o ex-superintendente estaria combinando o recebimento de propina mensal (superior a R$ 120 mil) para que o
Ministério Público "afrouxasse" o
trabalho de combate ao jogo ilegal. O diálogo faz menção a um
"chefe maior" do esquema, que
seria supostamente Decat.
Gonçalves foi exonerado no começo do mês e Decat pediu férias,
alegando "não querer atrapalhar
as investigações". Ele voltaria ao
trabalho na próxima segunda.
Novas fitas divulgadas nos últimos dias chegam a levantar suspeita de envolvimento de assessores do governo estadual no esquema. O caso levou a oposição e o
próprio Itamar a solicitar a abertura de CPI na Assembléia Legislativa para apurar as denúncias.
O governador chegou a discutir
com alguns jornalistas durante
entrevista coletiva que deu para
abordar o assunto. Ontem, ele
não acompanhou os desdobramentos do escândalo porque estava em Juiz de Fora, onde fez pela
manhã "uma pequena cirurgia
para tratar de uma lesão do ligamento do polegar esquerdo", segundo nota de sua assessoria.
Decat é amigo pessoal do vice-governador Newton Cardoso
(PMDB) e foi indicado por Itamar, mesmo tendo sido o menos
votado na lista tríplice apresentada pelo Ministério Público.
A instalação da CPI vai ser estudada pelos deputados após as
eleições e depende ainda do encerramento de uma das seis CPIs
que já funcionam na Assembléia.
Pelo regimento interno da Casa,
só seis CPIs podem funcionar ao
mesmo tempo.
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