São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
Itamar diz que envio de soldados contraria liminar do STF
Governo FHC pede PM em Buritis

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governo de Fernando Henrique Cardoso voltou a pedir proteção da Polícia Militar de Minas Gerais à fazenda Córrego da Ponte, em Buritis, alegando que o imóvel, pertencente aos filhos do presidente, está mais uma vez ameaçado de invasão pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Na tarde de ontem, o ministro da Justiça, José Gregori, enviou ofício ao governador Itamar Franco (sem partido), solicitando a proteção policial. Em resposta ao ministro, encaminhada na noite de ontem, o governador lembra que tal proteção deve ser feita pelas tropas federais, conforme liminar em vigor do STF (Supremo Tribunal Federal).
No ofício, Gregori pede "providências imediatas, em caráter preventivo". A solicitação se baseia em "várias notícias referentes à possibilidade de nova movimentação do MST no intuito de invasão da fazenda Córrego da Ponte".
Em uma longa resposta ao ministro, Itamar, que se recupera em Juiz de Fora de uma cirurgia na mão esquerda realizada na manhã de ontem, faz uma memória dos episódios anteriores envolvendo a proteção à fazenda, afirmando que Minas nunca se negou a dar proteção ao imóvel, mas que o Estado vai seguir a decisão do STF, que dá à Presidência da República o direito de usar as tropas federais, embora o seu governo seja contra essa decisão.
"Veja sr. ministro, que a indignação do governo do Estado (com o envio das tropas federais), levou-o a buscar prestação jurisdicional, em face do Supremo Tribunal Federal, para garantir o exercício da competência constitucional dos Poderes estaduais constituídos", afirmou Itamar.
E concluiu dizendo que " a teor da decisão do STF, cabe às Forças Armadas guarnecer o imóvel, sendo o juízo do risco e da conveniência exclusivos do excelentíssimo sr. presidente da República".
Essa é a terceira vez que Itamar e FHC não se entendem em relação à proteção da fazenda. Na última vez que o MST acampou em frente ao imóvel, há cerca de 20 dias, o governo de Minas alegou que estava acompanhando a movimentação dos sem-terra, mas disse que o governo federal se precipitou ao enviar as tropas federais.
A consequência disso foi que Itamar mobilizou a PM de Minas e chegou a cercar o Palácio da Liberdade para protegê-lo de uma suposta invasão.


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