MARCOS VITA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse ontem em Salvador que o presidente Fernando Henrique Cardoso não merece a gratidão dos Estados do Nordeste ao avaliar os seis anos de governo FHC.
"O presidente tem feito alguma coisa, mas não o suficiente para obter a gratidão do Nordeste. "As estradas da região nunca foram tão deterioradas como neste governo, apesar de o líder do PMDB na Câmara ser um deputado baiano (Geddel Vieira Lima) e o ministro Padilha (Transportes) ser do mesmo partido. É inacreditável que isso aconteça", disse o senador, em entrevista à TV Itapoan -retransmissora da rede Record na Bahia.
ACM criticou também o projeto de transposição do rio São Francisco, encampado pelo ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional). "O interesse do governo é fazer obras que beneficiem políticos que têm como bandeira a transposição, como é o caso do ministro Fernando Bezerra."
A razão das críticas ao presidente e a integrantes do PMDB no governo é que ACM não aceitou o fato de FHC ter gravado uma mensagem de apoio ao deputado Geddel Vieira Lima nas eleições de Itapetinga (BA).
Na mensagem -veiculada em rádio e carros de som da cidade pelo candidato apoiado por Vieira Lima-, a voz do presidente afirma que, "em compromisso com Geddel", levará empregos e recursos para Itapetinga, município de 40 mil eleitores, 562 km a sudoeste de Salvador. ACM revidou afirmando que a gravação é uma "fraude".
Em entrevista à Agência Folha, o senador ironizou a gravação. "Se a fita for verdadeira, a vitória do meu candidato em Itapetinga vai fazer o presidente saber quem tem mais prestígio", afirmou ACM, referindo-se ao embate com Vieira Lima.
O candidato aliado de ACM, José Otávio (PL), tem 49% das intenções de voto em Itapetinga contra 40% de Michel Hagge (PMDB), apoiado por Vieira Lima- segundo pesquisa do Instituto BahiaData.
O senador disse que, se a veracidade da gravação for comprovada, cobrará do presidente as promessas que fez para Itapetinga.
ACM afirmou que pretende mesmo criar uma "CPI do Futebol". "Já fiz publicar requerimento do senador Álvaro Dias constituindo uma CPI para o futebol brasileiro. Ao chegar a Brasília, vou pedir aos líderes partidários que indiquem os seus representantes para que se faça uma devassa no futebol brasileiro", disse.
Questionado sobre uma suposta pretensão a um ministério depois do mandato como presidente do Senado, ele foi enfático. "Não tenho vontade de ser nem o Fernando Henrique tem (vontade) de me colocar, porque ele sabe que eu não vou rezar cegamente pela cartilha dele", declarou.
O senador voltou a criticar o destino das verbas da Saúde e fez um convite ao ministro tucano José Serra (Saúde). "Eu convido o ministro Serra a vir comigo a Itiruçu para ele ver se o dinheiro federal foi gasto ou não na cidade. Aí ele vai consertar a sua atuação política no ministério, que não pode ser, evidentemente, um feudo do seu partido".
ACM acusa Serra de não fiscalizar o uso de dinheiro do Ministério da Saúde em prefeituras do PSDB, como Itiruçu. O dinheiro seria usado para fins eleitorais, o que o prefeito nega.


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