DA SUCURSAL DO RIO

O lançamento da reedição ampliada do livro "A Luta dos Marinheiros" - sobre o movimento por melhores condições de trabalho na Marinha Brasileira, iniciado em 1962, e que acabou por precipitar o golpe militar de 1964- reuniu, na noite de segunda-feira, protagonistas do episódio, que não se viam havia mais de 40 anos.
Ex-dirigentes da lendária Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais deslocaram-se de vários Estados para o evento, no Rio. O autor do livro é o antropólogo e ex-marinheiro Antônio Duarte, que viveu exilado na Suécia de 1971 a 1980.
O reaparecimento de José Anselmo do Santos, o Cabo Anselmo, dominou as conversas. Ex-presidente da associação, tornou-se informante da ditadura. Infiltrou-se em várias organizações da esquerda e ajudou a destruí-las. Em julho último, ele se submeteu a exames para confirmação de sua identidade, no processo em que reivindica os benefícios da anistia. Tentou uma reaproximação com os velhos companheiros, mas foi rechaçado.
O livro resgata a história dos marinheiros que, segundo Duarte, efetivamente lideraram o movimento, como Antônio Geraldo Costa, o Neguinho, e Avelino Capitani. A chamada Revolta dos Marinheiros não foi um movimento de contestação política, mas de reivindicações como o direito de voto, a melhoria da comida e o direito de casar sem necessidade de autorização da Marinha, diz Duarte. (ELVIRA LOBATO)


Texto Anterior: Domicílio eleitoral: PSB tenta convencer Ciro, mas cogita Skaf como alternativa
Próximo Texto: Alagoas: Justiça mantém deputados livres após ordem de prisão
Índice