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Sem-terra é acusado por morte em MG
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
A juíza Andréa Mendes, de Buritis (MG), decretou a prisão de dois
agricultores ligados ao MST e de
dois filhos de um deles como suspeitos de serem, respectivamente,
mandantes e executores do assassinato do líder sem terra Wenceslau Pereira da Silva.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) declarou ontem que irá pedir a libertação dos agricultores e acusou a
Polícia Civil de Minas Gerais de
tentar desmoralizar a entidade.
Silva foi assassinado na quinta-feira passada no assentamento
Nova Itália, situado a 180 km de
Brasília, vizinho da fazenda Córrego da Ponte, de propriedade do
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Com apenas 15 famílias assentadas, esse é o menor dos três assentamentos criados em Buritis pelo
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a partir de 1995, por causa das ameaças
de invasão da fazenda de FHC.
Prisão
Já estão presos José Elias Rodrigues e Osmir Vitorino dos Santos.
A polícia procura Jason Moreira
dos Santos e Washington Moreira
dos Santos, filhos de Osmir.
Segundo a polícia mineira, eles
seriam os dois desconhecidos que
se apresentaram no assentamento
como policiais civis e deram voz
de prisão ao líder sem-terra. Silva
foi algemado e levou cinco tiros ao
tentar fugir.
O delegado José Oliveira, que investiga o crime, ainda não conseguiu prendê-los para fazer a acareação dos suspeitos com as testemunhas do crime. Silva foi morto
na frente da mulher, Neide Vieira
da Cruz, 22, e de outros quatro assentados.
A polícia mineira suspeita que
Santos e Rodrigues tenham decidido matar Silva por causa de disputa de poder no assentamento.
Eles negam.
Os presos são membros da diretoria da Associação dos Assentados do Projeto Nova Itália, cuja
destituição havia sido aprovada
seis dias antes do assassinato em
reunião organizada pelo líder
morto.
Sem dinheiro
O coordenador regional do MST
Adriano Paiva disse que os assentados são pobres e não recorrem a
pistoleiros para resolver divergências internas.
Segundo ele, a polícia mineira
está tentando denegrir a imagem
do movimento de sem-terra. O delegado José Oliveira não foi localizado ontem para comentar essa
acusação.
"Os assentados não têm dinheiro para comprar sementes e muito
menos para contratar pistoleiros.
Ele (Silva) tinha muitos inimigos,
que não estão sendo investigados", disse Paiva.
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