São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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SEGURANÇA
Greve da PM em Pernambuco completa 12 dias
Grevistas acreditam que terão mais apoio com o fim da eleição

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

DO ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

Os líderes da greve da Polícia Militar de Pernambuco acreditam que o fim da eleição em Recife trará apoio de políticos e de entidades da sociedade civil para pressionar o governo do Estado a negociar e terminar com a paralisação, que completa hoje 12 dias.
"Com o resultado das eleições, os deputados que não se engajaram no movimento tendem a entrar na negociação. Nossa esperança é que consigam intermediar um acordo", disse o soldado Moisés Filho, principal líder do movimento e diretor da Associação de Cabos e Soldados da PM e do Corpo de Bombeiros.
"Não vou arrefecer. Só negocio se voltarem aos quartéis", repetiu ontem o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), sinalizando que não aceitará uma tentativa de negociação antes do fim do movimento. O governador considerou "péssimo para Pernambuco e para o Brasil" a eventual adesão explícita do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) aos grevistas acampados.
O MST estuda a possibilidade levar seus filiados à frente do Palácio do Campo das Princesas. "Já declaramos apoio, mas agora poderemos participar das manifestações se houver um entendimento (com os grevistas)", disse o líder do MST Jaime Amorim.
"Todo o apoio é bem-vindo. Aceitamos, desde que não haja tentativa de interferência no comando", disse Moisés. Na última sexta, os grevistas avaliavam que a adesão era de 50% dos 18 mil homens da tropa. O governo estimava participação de apenas 13%.
Hoje, porém, os grevistas querem dar uma demonstração de força, levando 3.000 manifestantes para a frente do governo a fim de forçar uma nova negociação. Há três dias, falavam em 5.000.
Na sexta, Cabo Júlio, deputado federal do PL e líder da greve da PM mineira em 97, assumiu o comando da paralisação. Os discursos inflamados de Cabo Júlio e a chegada à capital de grevistas do interior deram ânimo a um movimento que se enfraquecia, segundo avaliação de seus líderes.
O reforço da greve ocorreu após os líderes do movimento terem recuado duas vezes em 48 horas. Primeiro, a reivindicação salarial para um soldado em início de carreira caiu de cerca R$ 900 para aproximadamente R$ 750. Depois, os grevistas aceitaram que não fosse fixado um piso mínimo.
Eles pedem que o governo dê algum sinal do valor de aumento real. Hoje, o piso da categoria é de pouco mais de R$ 600. (FÁBIO GUIBU, KENNEDY ALENCAR)


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