São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Pepebista afirma que não abandonará os pobres e humildes por causa do apoio dado a ele nestas eleições municipais e também declara que não vai "pendurar as chuteiras"
Maluf diz rezar por gestão "maravilhosa"

PATRICIA ZORZAN
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo derrotado nas urnas paulistanas, o ex-prefeito Paulo Maluf, 69, afirmou ontem que se considera um "vitorioso". Ele disse que vai "rezar" para que a petista Marta Suplicy faça uma administração "maravilhosa" para o município de São Paulo.
Depois de votar às 8h15, na Faculdade de Engenharia de São Paulo, Maluf voltou para sua casa, no Jardim Europa, e só comentou a derrota por volta das 18h, com a divulgação das primeiras pesquisas de boca-de-urna.
Dizendo não ter "dependurado as chuteiras" na carreira pública, o pepebista declarou estar "alegre" com o resultado -que foi acima do esperado pela própria cúpula do partido.
"Se as pesquisas (de boca-de-urna) estiverem corretas, terei cerca de 2,5 milhões de votos. O que, depois da candidata do PT, é a maior votação individual do país. Com o apoio dos pobres e dos humildes, que nunca me faltaram, sou obrigado, em solidariedade a eles, a continuar na vida pública. Não vou abandoná-los. Eu me considero um vitorioso."
Porém o candidato, que já afirmou ter interesse em concorrer para o governo do Estado de São Paulo em 2002, não quis confirmar uma futura candidatura.
"Não tenho compromisso de ser candidato a nada, a não ser o de continuar trabalhando pelos que me elegeram", disse.
Assessores de Maluf afirmaram, no entanto, que o ex-prefeito já recebeu diversos convites para visitar o interior de São Paulo, de olho já em 2002.
Alguns malufistas mais "animados" defendem que o ex-prefeito seja candidato à Presidência da República. Avaliam que, se o pepebista conseguiu sozinho cerca de 40% dos votos válidos em São Paulo, isso mostra que o malufismo está mais vivo do que nunca e que o ex-prefeito tem fôlego para chegar à presidência.
Como fatores da "vitória", Maluf aponta seu isolamento político e o apoio que Marta Suplicy recebeu de diversos partidos: "Ela fez a maior coligação do país".
"Sei que a votação que tive veio de pessoas que receberam benefícios em minhas administrações anteriores, veio principalmente dos pobres da periferia, com as bênçãos de Deus", afirmou o pepebista, que, por duas vezes, foi prefeito de São Paulo.
O ex-presidente regional do PPB e um dos coordenadores da campanha malufista, Marcelino Romano Machado, disse que o resultado foi "muito acima do esperado" e que a imagem do prefeito de São Paulo, Celso Pitta, foi "desvinculada" da imagem de Maluf.
A gestão de Pitta, ex-afilhado político e sucessor de Maluf, foi alvo de uma série de denúncias de corrupção e de loteamento da administração municipal.
Na avaliação de Machado, o pepebista poderia ter conquistado a prefeitura se tivesse tido mais tempo para a campanha.

Oração
O pepebista, que pela manhã comparou uma possível derrota dele para o PT com a derrota da cidade de São Paulo, afirmou "rezar" para que a candidata eleita, Marta Suplicy, faça a "melhor" administração de São Paulo.
Os dois passaram quase todo o segundo turno da campanha trocando acusações. Maluf chamou a petista de "permissiva" e de "devassa", e foi por ela taxado de "ditador" e de "nefasto".
Após ter conhecimento de sua derrota, Maluf mudou o discurso.
"Rogo a Deus para que a dona Marta faça uma administração melhor do que aquela que eu esperava fazer, rezo para que ela faça uma gestão bem sucedida", disse Maluf, que chegou a classificar a petista de "incompetente".
Maluf, que deve permanecer no Brasil até o Natal, disse que vai comemorar sua "vitória" com a mulher, Sylvia.


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