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Minas encabeça coro pela revisão
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Com Minas Gerais à frente, está
aumentando o coro dos Estados
descontentes com o percentual
das receitas que comprometem
para pagar as parcelas das dívidas
que têm com a União. Mas não
existe nenhuma garantia de a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva irá
atendê-los, apesar das promessas
de diálogos. Além de Minas, Estados como o Rio, Rio Grande do
Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul
já se manifestam publicamente a
favor da renegociação.
Os governadores eleitos Aécio
Neves (PSDB-MG), Rosinha Garotinho (PSB-RJ), Germano Rigotto (PMDB-RS), Roberto Requião (PMDB-PR) e Zeca do PT
(MS) alegam que é necessária a
redução para que os Estados tenham mais recursos para gerar o
desenvolvimento regional.
Até os Estados que têm conseguido administrar suas dívidas
sem comprometer seus orçamentos já admitem pegar carona na
renegociação. É o caso do Ceará,
cujo governador eleito, Lúcio Alcântara (PSDB), diz ser favorável
à renegociação porque sobraria
mais para investir. "Estamos em
dia, todos os compromissos são
cumpridos. Agora, se negociássemos, o governo teria mais folga."
O governador eleito da Bahia,
Paulo Souto (PFL), disse que
aguarda "propostas mais claras"
para discutir o assunto, porém o
atual governador, Otto Alencar
(PL), diz apoiar a proposta, mas
que não vai "chorar" se não sair.
"Estamos rigorosamente em dia
com o pagamento (...) Agora, nós
apoiamos a renegociação, até
mesmo em solidariedade aos Estados em dificuldades."
Por enquanto, apenas o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o eleito
do Pará, Simão Jatene (PSDB),
não querem a renegociação, embora o paulista tivesse dito anteontem "neste momento".
Alckmin vê risco de ""turbulência" se algo for feito agora. Já Garotinho disse: "São Paulo deve estar muito bem, mas eu espero
contar com a ajuda do Lula".
A questão é tão financeira quanto política. Aécio Neves, que vai
herdar um governo com rombos
mensais de R$ 80 milhões, depende em boa parte disso para equilibrar o caixa. Mas sabe que o tema
é difícil de ser contornado, pois o
governo federal tem "limitações".
Por isso, tem declarado que não
vai "colocar a faca no peito" de
Lula e que o assunto é para ser tratado a partir de 2003. Quer agir ao
seu modo, com muita conversa. E
já começou a conversar com os
governadores eleitos.
Aécio propõe ao menos uma redução por um prazo de dois anos,
ficando o comprometimento reduzido para 5% ou 6%. Voltaria
para 13% após o prazo estabelecido, tempo que os Estados teriam
para se ajustarem.
O senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP) tem dito que a renegociação pode comprometer as
metas de superávit primário (diferença entre receita e despesa,
exceto o serviço da dívida) do governo federal acertada com o
FMI. Palocci Filho coordenador
da equipe de transição de Lula, já
disse que o tema só entraria na
pauta em 2004 ou 2005.
Foi no final dos anos 90 que o
governo federal renegociou por
30 anos as dívidas dos Estados,
que somam hoje R$ 208,1 bilhões
-corresponde a cerca de 17% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Colaboraram RANIER BRAGON, MARI
TORTATO, FABIANO MAISONNAVE,
LUIZ FRANCISCO e KAMILA FERNANDES, da Agência Folha
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