São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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Derrotado nas urnas, petista afirmou que sentimento contra o partido se propagou no Estado e o comparou ao anti-semitismo

Tarso culpa "antipetismo raivoso" por derrota

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro (PT), candidato derrotado na disputa ao governo gaúcho, definiu o ""antipetismo raivoso" como uma das causas para o resultado da eleição e o comparou ao anticomunismo e ao anti-semitismo.
"Se formou no Estado, em pequena parte da sociedade, o que podemos chamar de antipetismo. Isso vai desde o pesado cerco que nosso governo sofreu até outras razões com as quais podemos ter colaborado, em erros que tenhamos cometido. Vamos submeter isso a um exame."
"Essa postura, com eco social, substitui outras culturas históricas da direita. Em um período houve o ranço anticomunista. Na ditadura militar, havia o ranço antidemocrático. Esse ranço faz parte de uma cultura autoritária, intolerante e preconceituosa, que ora é anticomunista, ora é antidemocrática, ora é anti-semita, e agora se tornou antipetista, nesta conjuntura", disse ele.
Outro motivo atribuído por Tarso ao revés sofrido por sua campanha foi a morte do coordenador político de sua campanha, José Eduardo Utzig. Segundo ele, a perda de Utzig abalou a todos num momento importante.
Tarso isenta de responsabilidade a administração de Olívio. "Há um conjunto de fatores que determinou [a derrota]." Diz, porém, que houve um erro ao se intensificar a disputa com Antônio Britto (PPS) no primeiro turno.
Hoje, haverá uma definição do cronograma de reuniões do PT para debater a derrota. Dois grupos de tendências dividem o partido. De um lado, está o PT Amplo e Democrático, o Rede e o Pólo de Esquerda, que apoiaram Tarso. Do outro, a DS (Democracia Socialista), a UPS, Ação Democrática e Articulação de Esquerda, que são "olivistas".
Os temas mais polêmicos são o fato de Tarso ter deixado a Prefeitura de Porto Alegre para concorrer ao governo, seu discurso contra a administração de Olívio, que teria mostrado certa rejeição do próprio PT ao governo, a disputa acirrada na prévia e a própria atuação do governo.
Ontem, Tarso reconheceu um erro bem recebido pelo vice-governador Miguel Rosseto, que é da DS: "Esta foi a campanha mais unitária e ampla que o partido já fez. E aqui está falando um companheiro de partido que integra o campo político que não participou tão intensamente na campanha de Olívio".
Alguns nomes têm sido cotados pelo PT gaúcho para compor o ministério de Lula. Por estarem sem mandato, a hipótese mais trabalhada é a de que Olívio seja ministro. Restaria, segundo os petistas gaúchos, definir se seria da Agricultura, da Reforma Agrária ou da Integração Regional. Olívio não nega, mas evita falar.
O vice-governador Miguel Rossetto, também sem cargo, é outro citado, assim como o senador eleito Paulo Paim. Quanto a Tarso, sua relação com o presidente nacional do PT, José Dirceu, teria sofrido um forte desgaste.


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