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Corporativismo barra apuração,
afirma petista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ouvidor da Câmara dos Deputados, Luciano Zica (PT-SP),
atacou o presidente da Casa, João
Paulo Cunha (PT-SP), e afirmou
que o "espírito de corporação" está impedindo uma apuração séria
sobre a suspeita de que deputados
usam as comissões permanentes e
de inquérito da Câmara para praticar extorsão contra empresários
e investigados.
"O sentimento que me fica é o
de que o espírito de corporação
acaba prevalecendo", disse Zica,
que reclamou do pedido de explicações feito por João Paulo a ele e
ao deputado Paulo Lima (PMDB-SP), presidente da Comissão de
Defesa do Consumidor -os dois,
em entrevista à Folha, disseram
acreditar que existe um esquema
de extorsão na Câmara.
"É a quinta vez consecutiva que
ele [João Paulo] reage dessa maneira, ou por conveniência ou sei
lá por quê", disparou.
Na entrevista anterior, Lima
disse inclusive ter "nomes e dados" sobre dez deputados que teriam tentado obter dinheiro de
empresários de São Paulo durante
a CPI dos Combustíveis, encerrada no ano passado em meio a acusações de leniência com investigados. Zica disse ter pedido por várias vezes apuração da acusação.
Apoiado pelos líderes das bancadas na Câmara, João Paulo classificou de irresponsável a atitude
de acusar sem apresentar provas e
determinou à Corregedoria da
Casa que interpelasse Zica e Lima
para que confirmassem as acusações e apresentassem nomes.
Os dois já foram notificados e
João Paulo ameaça puni-los caso
eles não apresentem as provas.
"Ao acusar sem provas, eles colocam os bons no meio dos ruins",
disse o presidente da Câmara na
quarta-feira.
"Não vou prestar contas"
"Fiquei ofendido pela reação
dele. Já é a quinta vez que ele comete esse equívoco. Não vou
atender à convocação dele, Não
vou prestar contas da minha posição. Foi uma atitude desrespeitosa", disse Zica. Ele ressalta que
não fez acusação nenhuma e que
a única coisa que tem pedido nos
últimos meses é apuração.
A Folha informou à assessoria
de João Paulo o teor das declarações do ouvidor, mas os assessores disseram não ter conseguido
localizar o presidente da Câmara
até o fechamento desta edição.
Desde que deu as declarações,
Paulo Lima não foi mais encontrado pela reportagem. Ele já foi
interpelado uma vez para mostrar
os nomes que diz possuir, mas
afirmou, na ocasião, que só revelaria a suposta quadrilha na própria CPI dos Combustíveis, caso
ela tivesse interesse. A CPI não o
convocou e a Corregedoria mandou arquivar o processo.
As suspeitas em relação a um esquema de achaques tomaram
corpo recentemente com a divulgação pela revista "Veja" de gravações que mostrariam o deputado André Luiz (PMDB-RJ) tentando extorquir R$ 4 milhões do
empresário do jogo Carlos Cachoeira. Em troca do dinheiro,
André Luiz atuaria para amenizar
as acusações contra o empresário
na CPI da Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro, onde atuou por
dois mandatos. Luiz nega.
(RB)
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