São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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CAMPANHA NA TV

Candidatos fazem apelos emocionais no último programa; tucano repassou origem e petista, projetos

Serra agradece eleitor; Marta pede voto 'justo'

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

Antes da aparição ao vivo e à flor da pele no debate da Globo, José Serra e Marta Suplicy surgiram em longos discursos no último programa eleitoral. A petista fez um apelo "pela virada": disse não ser "justo" não votar nela. O tucano, mais otimista, agradeceu aos eleitores e disse que está em jogo a escolha dos "jeitos de ser" dos candidatos.
Marta apostou mais uma vez nas vitrines da gestão. Levou seis minutos e quarenta segundos -quase 70% do tempo do programa- para contar histórias de pessoas beneficiadas por programas como o Renda Mínima e o Bilhete Único. Dedicou mais tempo a uma delas: a da mulher que não se conformava de a vizinha beneficiária da prefeitura votar no Serra: "Direito [de votar no tucano] ela tem, mas não é justo". A moral de Duda Mendonça: Marta merece ficar. "Não peço apenas voto de confiança, peço voto de Justiça", arrematou a prefeita.
A versão petista do discurso do medo, repisada na reta final, reapareceu: "Tenho muito receio disso acontecer", disse Marta sobre a possibilidade de ver seus projetos "minguarem" com Serra.
A fala foi pausada, entrecortada por closes da candidata, calculadamente sentimental, nos temas e nas palavras: expressões como "abrir o coração" e "confessar" foram usadas para falar de mães idosas e de crianças.
A campanha exibiu cenas recentes de campanha e números das pesquisas. Entoou o jingle "Vira, vira, vira, virou" -também martelado em inserções.
Líder nas pesquisas, Serra começou por agradecer ao eleitorado por escolhê-lo. Falou por quatro minutos e nove segundos para reforçar suas características, bem avaliadas pelo eleitor. A moral de Serra: o eleitor escolherá domingo, mais do que obras e projetos, "valores", "jeitos de ser", "maneiras de ver o mundo".
Mencionou a origem na Mooca, onde "nunca recebeu nada de mão beijada", repassou seu currículo na política. Foi seguido por clipes do Serra popular, abraçando os eleitores. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), onipresente, pediu votos para o afilhado -no PT, o presidente Lula surgiu no discurso e em clipe.
Ambos citaram Deus -ação prudente na eleição paulistana, onde a ausência da menção já teve peso. Dos dois lados, a moral da campanha: concepção de Estado assistencialista. Eleitores emocionados agradecendo à prefeita e ao ex-ministro por políticas públicas. O marketing político evolui?


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