São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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TRANSPORTES

Secretário da Casa Civil nega interesse eleitoral e diz que decreto do Metropass "só ficou pronto nesta semana"

A 2 dias da eleição, Alckmin viabiliza Bilhete Único

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com três meses de atraso e a dois dias das eleições, a administração Geraldo Alckmin (PSDB) publicou um decreto para viabilizar a criação do Metropass, bilhete único do Estado que pretende integrar a rede de transporte coletivo em São Paulo -e ser um contraponto político do bilhete único de Marta Suplicy (PT).
O Metropass, previsto desde 1998, deverá inicialmente trazer mudanças mais tecnológicas do que financeiras aos passageiros, ao permitir que eles tenham um só cartão magnético, com capacidade de armazenar créditos, para acessar as linhas de trem e de metrô -algo que já é possível hoje, mas com bilhetes convencionais.
Também é prevista a compatibilização do Metropass com os ônibus municipais e intermunicipais -mas, além de ser em uma fase posterior, dependendo de negociações com as viações, ela não significará necessariamente vantagens econômicas aos usuários.
Ou seja, ele poderá viabilizar a utilização de um único bilhete na rede sobre trilhos e sobre pneus, promessa tanto de José Serra (PSDB) como de Marta Suplicy, mas as tarifas para quem fizer essa integração tendem a ser mais próximas dos R$ 3,15 hoje cobrados na baldeação ônibus/metrô do que do R$ 1,70 da baldeação ônibus/ônibus. O prazo para a implantação do Metropass é setembro de 2006, às vésperas das eleições estaduais e presidenciais. As primeiras etapas estão previstas para agosto do ano que vem.
O decreto de Alckmin publicado ontem no "Diário Oficial" do Estado havia sido prometido para julho e traça os parâmetros do edital de licitação que vai conceder à iniciativa privada, por 20 anos, os sistemas de arrecadação do Metrô e da CPTM, em troca da implantação do Metropass.
O bilhete único do Estado ficará a cargo de uma empresa ou consórcio que vai administrar as bilheterias e guichês da rede sobre trilhos -algo que deve enfrentar a resistência de funcionários em razão de possíveis demissões.
O controle da arrecadação do Metrô e da CPTM por 20 anos e a implantação do Metropass ficarão com quem, na licitação, oferecer a menor proposta de remuneração -que será um percentual do montante arrecadado com as tarifas e receitas acessórias. Pelas estimativas iniciais, ela não poderia ser maior que os 8% gastos hoje da receita anual (de R$ 1 bilhão) para cuidar das bilheterias.
O secretário da Casa Civil de Alckmin, Arnaldo Madeira, disse que a publicação do decreto do Metropass a dois dias das eleições aconteceu "porque só ficou pronto nesta semana". "Em nenhum momento houve referência eleitoral. Se quiséssemos fazer alarde, poderíamos ter soltado antes", diz Madeira, que culpa "motivos administrativos" para os atrasos.
O bilhete único foi um dos trunfos da campanha de Marta, por permitir baldeações nos ônibus por duas horas por R$ 1,70. O PT ataca Alckmin pela demora para implantar o Metropass. Os tucanos alegam que já há uma espécie de bilhete único no Estado desde 2000, quando foram permitidas integrações gratuitas entre trens e metrô. O Metropass seria só uma melhoria tecnológica e uma tentativa de integração com ônibus.
As gestões Marta e Alckmin chegaram a sentar à mesa em 2001 para discutir a viabilidade de lançar um só cartão. Não houve acordo e cada governo decidiu lançar seu bilhete único. Havia a promessa dos dois governos para viabilizar a parte tecnológica, permitindo que os créditos dos dois bilhetes fossem usados tanto nos ônibus como no metrô/trens, ainda que sem descontos na tarifa. Houve impasse sobre quem bancaria R$ 14 milhões e nem essa integração saiu do papel até hoje.


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