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Em visita a Cuba, Lula faz gesto político de apoio a Raúl
Apesar da crise econômica na ilha, governo vai instalar agência de investimentos e firmará acordo para prospecção de petróleo
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na visita que inicia hoje a Havana, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva vai reiterar o desejo de que o Brasil aumente sua
presença em Cuba. O gesto de
caráter político será alavancado por duas medidas práticas: a
abertura de escritório da Apex
(Agência Brasileira de Promoção das Exportações), para
atrair investidores brasileiros a
Cuba, e a assinatura de acordo
entre Petrobras e Cupet -a estatal cubana- para prospecção
compartilhada de petróleo.
As iniciativas fazem parte do
"pacote" negociado em janeiro,
que incluiu o aumento da linha
de crédito do BNDES para Cuba comprar alimentos. No Planalto, a percepção é que os
anúncios ajudarão o governo de
Raúl Castro, que enfrenta a
pior crise desde que substituiu
oficialmente seu irmão Fidel
na Presidência em fevereiro. A
passagem de dois furacões causou danos de US$ 5 bilhões.
O convênio de prospecção de
petróleo significa o retorno oficial da Petrobras a Cuba, onde
já realizou trabalhos semelhantes, sem resultado. Havana
anunciou neste mês que tem
reservas equivalentes a 20 bilhões de barris para exploração
"offshore" -a cifra é questionada por especialistas.
Já a abertura de escritório da
Apex, o primeiro do gênero em
Cuba, reforça o aspecto político
das iniciativas. Relatório da
agência sobre oportunidades
em Cuba pondera sobre a "centralização das compras pelo Estado" e "as dificuldades logísticas" da ilha, muitas conseqüências do embargo econômico
mantido pelos EUA.
Em junho, o chanceler Celso
Amorim lançou o lema "Brasil
parceiro número 1" da ilha,
posto ocupado pela Venezuela.
De lá para cá, a crise de caixa
piorou. Havana deixou de pagar a uma petroleira canadense
e a fornecedores japoneses.
O presidente da Apex, Alessandro Teixeira, diz que a ilha
"é um mercado estratégico" e
que a decisão de abrir o escritório "não é emotiva". Cita números: as exportações brasileiras
de janeiro a agosto de 2008 tiveram alta de 74% em relação
ao mesmo período de 2007.
Para Hélio Doyle, da Universidade de Brasília, está em jogo
a afetividade de Lula por Fidel.
"É uma decisão política, com
conseqüências econômicas."
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