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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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RUMO A 2006

Presidente afirma que não tem problemas com ministros e que motivo da reforma na Esplanada é acomodar o PMDB

Lula se contradiz ao admitir na TV que pode tentar reeleição

Sérgio Lima-27.nov.2003/Folha Imagem
Lula, que em 2002 afirmou que só queria quatro anos no poder


RICARDO WESTIN
DA REDAÇÃO

Ao afirmar nesta semana que não descarta ser candidato à reeleição em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contradiz uma das promessas que fez durante a campanha presidencial do ano passado.
Num comício em Vitória, no dia 12 de julho de 2002, o então candidato Lula afirmou que abriria mão de uma tentativa de reeleição caso fosse eleito presidente.
"Não queremos reeleição", discursou ele, para 4.000 pessoas. "Só queremos quatro anos para criar os alicerces para que a juventude possa construir em cima."
Hoje, presidente após três tentativas frustradas de chegar ao Palácio do Planalto, Lula não diz claramente se quer oito anos no poder, mas não esconde que isso não está fora de seus planos.
Numa entrevista gravada na última quarta-feira e que vai ao ar hoje, às 21h, no programa "Canal Livre", da TV Bandeirantes, o presidente Lula afirmou: "Não, não". Mas, logo em seguida, tratou de corrigir-se: "Veja bem, também não vou dizer que não sou [candidato à reeleição]".
Lula também falou sobre seus 11 primeiros meses de governo.
O presidente foi contra a aprovação da emenda que acabou dando a Fernando Henrique Cardoso o segundo mandato. Na época, disse que os ministros estavam preocupados "em manter seus empreguinhos por mais quatro anos ".
Como presidente, seu discurso ficou ambíguo. Em agosto, por exemplo, disse que "filosoficamente" não concorda com a reeleição e que "o segundo mandato é sempre muito ruim ".
Na entrevista que vai ao ar hoje, o presidente diz que é favorável à alternância no poder, mas afirma que só concorda com a reeleição se o presidente acredita que pode fazer no segundo mandato mais do que fez no primeiro.
"Se ele tiver consciência de que não pode, não seja louco, não seja candidato, porque vai afundar. Foi o que aconteceu com o nosso amigo Fernando Henrique Cardoso", disse o presidente.

10 milhões de empregos
Além da promessa de não tentar se reeleger, Lula renegou outro ponto da campanha do ano passado. Embora o programa do PT tenha defendido a criação de 10 milhões de empregos, Lula afirmou que essa promessa não foi feita "em nenhum momento".
"Apenas constatamos que o Brasil precisava de 10 milhões de empregos, no mínimo. A diferença é muito grande [entre constatar e prometer]", afirmou ele, mas sem dizer quantos postos de trabalho pretende criar até 2006.
Questionado sobre a reforma ministerial, disse que já sabe quais serão as mudanças. E afirmou que, entre as razões, não está o excesso de ministros ou a ineficiência deles. Segundo Lula, o único motivo é político: "É pela necessidade de contemplar o interesse de um partido que precisa estar no governo. O PMDB tem força política, faz parte da base do governo e tem que estar no governo".



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