São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Governadores eleitos gastaram R$ 207 mi

Campanha mais cara foi a de José Serra, em SP, com R$ 26 mi; Ottomar Pinto foi o que menos gastou, com R$ 1,9 mi, em Roraima

Nestas eleições candidatos eleitos gastaram cerca de R$ 45 mi a mais que em 2002; especialista vê aumento na transparência das contas

FRANCISCO FIGUEIREDO
THIAGO REIS

DA AGÊNCIA FOLHA

Os 27 candidatos ao governo que saíram vitoriosos das urnas nestas eleições declararam juntos um gasto de R$ 206,7 milhões. Neste ano, diferentemente de 2002, todas as campanhas foram milionárias.
Tanto a campanha mais cara quanto a mais barata foram de governadores do PSDB. José Serra, em São Paulo, foi o que mais gastou. O governador eleito teve uma despesa declarada de R$ 25,9 milhões. Já o governador reeleito de Roraima, Ottomar Pinto, teve uma despesa de R$ 1,9 milhão -a menor entre todas as campanhas.
A soma dos gastos dos 27 governantes equivale a praticamente o dobro gasto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): R$ 104,3 milhões.
Apesar da minirreforma eleitoral, que proibiu showmícios e outdoors com o objetivo de baratear as campanhas, os gastos declarados subiram em relação à eleição de 2002.
Em 2002, o custo total declarado das campanhas para os governos estaduais ultrapassou R$ 160 milhões -já descontada a inflação do período, medida pelo IPCA. Ou seja, nestas eleições foram gastos cerca de R$ 45 milhões a mais pelos governadores eleitos. Na eleição passada, duas campanhas tiveram gastos inferiores a R$ 1 milhão: Piauí e Amapá.
Para o especialista em direito eleitoral Alberto Rollo, presidente do Instituto de Direito Político, Eleitoral e Administrativo, os gastos não aumentaram, como sugerem os números. "As despesas diminuíram. Só que as contas estão mais transparentes." Segundo ele, a minirreforma fez com que os candidatos entregassem declarações "mais redondas", pois as contas foram "mais vigiadas".

Voto caro
O voto mais caro foi o do governador reeleito de Tocantins, Marcelo Miranda: R$ 20,24. Entre os vitoriosos no segundo turno, o primeiro lugar ficou com o governador reeleito de Goiás, Alcides Rodrigues (PP): cada voto custou R$ 10,3.
Em relação aos doadores dos candidatos eleitos pela primeira vez, há curiosidades neste segundo turno. A declaração do governador Jackson Lago (PDT-MA), por exemplo, traz como um dos maiores doadores uma unidade de saúde: o "Hospital São Domingos Ltda" doou R$ 300 mil a ele.
A construtora OAS, que aparece como uma das principais doadoras da campanha do presidente Lula, doou R$ 800 mil à campanha do governador eleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e R$ 300 mil a Eduardo Campos (PSB), governador eleito de Pernambuco.
Alguns setores da economia local dos Estados se destacam na doação aos reeleitos no segundo turno, a exemplo do verificado no primeiro turno.
Em Goiás, o setor sucroalcooleiro -que nos últimos anos cresceu mais que a soja no Estado- doou cerca de meio milhão a Alcides Rodrigues.
Em Santa Catarina, a Santinho Empreendimentos Turísticos doou R$ 100 mil a Luiz Henrique. Foi no Costão do Santinho que, há duas semanas, o governador eleito convidou seus colegas peemedebistas eleitos a discutir a adesão em bloco ao presidente Lula em seu segundo mandato.


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