São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Ligado a Berzoini, Vaccari vira alvo da PF

Segundo suplente do senador Mercadante trocou telefonemas com ao menos três petistas envolvidos na compra do dossiê

Presidente de cooperativa de imóveis dos bancários, João Vaccari Neto é tido como homem próximo ao presidente licenciado do PT

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

João Vaccari Neto, segundo suplente do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e homem de confiança do presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, trocou ligações com pelo menos três petistas envolvidos na tentativa de compra do dossiê antitucanos, segundo informações obtidas pela Folha com base na quebra de sigilos telefônicos ligados ao caso. Vaccari, que preside a Bancoop (cooperativa de imóveis dos bancários), falou também com Freud Godoy (ex-assessor especial do presidente Lula) e sua mulher, Simone, com o Diretório Nacional do PT em Brasília e com um celular em nome da Presidência da República. Os telefonemas ocorreram no período de negociação do material contra o PSDB, entre agosto e setembro. Vaccari é o novo alvo das investigações da Polícia Federal. Investigadores da PF e do Ministério Público Federal apuram se ele atuou como emissário de Berzoini para levantar ao menos parte do dinheiro do dossiê (R$ 1,75 milhão). A Bancoop é uma base política do grupo ligado a Berzoini. Vaccari teve participação ativa ao providenciar infra-estrutura para a campanha de Berzoini a deputado federal, reeleito pelo PT paulista neste ano. As trajetórias políticas dos dois estão diretamente associadas. Berzoini presidiu o Sindicato dos Bancários de São Paulo, tendo sido sucedido por Vaccari. A Folha já havia publicado que Hamilton Lacerda telefonou para Vaccari no dia 13 de setembro, uma hora antes da suposta entrega do dinheiro, no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo, aos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos no local com o R$ 1,75 milhão. A PF está convencida de que Lacerda, ex-coodenador da campanha de Mercadante, levou o dinheiro à dupla. A ligação para o celular usado por Vaccari durou três minutos. Entre 7 e 16 de agosto, o celular em nome de Osvaldo Bargas, integrante do núcleo de inteligência da campanha de Lula e negociador direto do dossiê, registrou sete chamadas (feitas e recebidas) para o telefone fixo da Bancoop. A extensão (6200) é a mesma informada por uma das funcionárias da cooperativa como o número para falar com Vaccari. O celular em nome da Presidência usado por Freud registrou duas ligações atribuídas pela PF a Vaccari. Uma de seu celular, em 1º de agosto. A outra foi em 6 de setembro, mas do número fixo da cooperativa. Além disso, há dez ligações entre o número da Bancoop e a Caso Sistemas, empresa de segurança de Freud e Simone que prestava serviços ao PT, entre os dias 4 e 27 de setembro. A Folha verificou nove ligações entre o Diretório Nacional do PT e a Bancoop. Dessas, quatro foram no dia 12 de setembro e duas no dia 13. Nesses dias, Lacerda e Gedimar se encontraram, tendo a entrega do dinheiro ocorrido na segunda data. As outras duas ligações ocorreram em 21 de agosto. Há cinco chamadas para o número (61) 7811-2678, em nome da Presidência. Esse número fala dezenas de vezes com Freud, com o comitê de campanha de Lula e com Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente. Pelos dados aos quais à Folha teve acesso, até hoje a PF não dispõe do nome do usuário desse número. A reportagem ligou para a Presidência pedindo a informação, mas até a conclusão desta edição não havia obtido resposta. A PF teria identificado também chamadas de Vaccari para Jorge Lorenzetti, identificado como o articulador da compra do dossiê, e Simone Godoy, mas a reportagem não localizou esses telefonemas nos dados a que teve acesso.


Colaboraram KENNEDY ALENCAR E ADRIANO CEOLIN , da Sucursal de Brasília


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