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Ligado a Berzoini, Vaccari vira alvo da PF
Segundo suplente do senador Mercadante trocou telefonemas com ao menos três petistas envolvidos na compra do dossiê
Presidente de cooperativa de imóveis dos bancários, João Vaccari Neto é tido como homem próximo ao presidente licenciado do PT
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
João Vaccari Neto, segundo
suplente do senador Aloizio
Mercadante (PT-SP) e homem
de confiança do presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, trocou ligações com pelo
menos três petistas envolvidos
na tentativa de compra do dossiê antitucanos, segundo informações obtidas pela Folha
com base na quebra de sigilos
telefônicos ligados ao caso.
Vaccari, que preside a Bancoop (cooperativa de imóveis
dos bancários), falou também
com Freud Godoy (ex-assessor
especial do presidente Lula) e
sua mulher, Simone, com o Diretório Nacional do PT em Brasília e com um celular em nome
da Presidência da República.
Os telefonemas ocorreram no
período de negociação do material contra o PSDB, entre
agosto e setembro.
Vaccari é o novo alvo das investigações da Polícia Federal.
Investigadores da PF e do Ministério Público Federal apuram se ele atuou como emissário de Berzoini para levantar ao
menos parte do dinheiro do
dossiê (R$ 1,75 milhão).
A Bancoop é uma base política do grupo ligado a Berzoini.
Vaccari teve participação ativa
ao providenciar infra-estrutura para a campanha de Berzoini
a deputado federal, reeleito pelo PT paulista neste ano. As trajetórias políticas dos dois estão
diretamente associadas. Berzoini presidiu o Sindicato dos
Bancários de São Paulo, tendo
sido sucedido por Vaccari.
A Folha já havia publicado
que Hamilton Lacerda telefonou para Vaccari no dia 13 de
setembro, uma hora antes da
suposta entrega do dinheiro,
no hotel Ibis Congonhas, em
São Paulo, aos emissários petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos no local
com o R$ 1,75 milhão.
A PF está convencida de que
Lacerda, ex-coodenador da
campanha de Mercadante, levou o dinheiro à dupla. A ligação para o celular usado por
Vaccari durou três minutos.
Entre 7 e 16 de agosto, o celular em nome de Osvaldo Bargas, integrante do núcleo de inteligência da campanha de Lula
e negociador direto do dossiê,
registrou sete chamadas (feitas
e recebidas) para o telefone fixo da Bancoop. A extensão
(6200) é a mesma informada
por uma das funcionárias da
cooperativa como o número
para falar com Vaccari.
O celular em nome da Presidência usado por Freud registrou duas ligações atribuídas
pela PF a Vaccari. Uma de seu
celular, em 1º de agosto. A outra foi em 6 de setembro, mas
do número fixo da cooperativa.
Além disso, há dez ligações
entre o número da Bancoop e a
Caso Sistemas, empresa de segurança de Freud e Simone que
prestava serviços ao PT, entre
os dias 4 e 27 de setembro.
A Folha verificou nove ligações entre o Diretório Nacional
do PT e a Bancoop. Dessas,
quatro foram no dia 12 de setembro e duas no dia 13. Nesses
dias, Lacerda e Gedimar se encontraram, tendo a entrega do
dinheiro ocorrido na segunda
data. As outras duas ligações
ocorreram em 21 de agosto.
Há cinco chamadas para o
número (61) 7811-2678, em nome da Presidência. Esse número fala dezenas de vezes com
Freud, com o comitê de campanha de Lula e com Gilberto
Carvalho, chefe de gabinete do
presidente. Pelos dados aos
quais à Folha teve acesso, até
hoje a PF não dispõe do nome
do usuário desse número. A reportagem ligou para a Presidência pedindo a informação,
mas até a conclusão desta edição não havia obtido resposta.
A PF teria identificado também chamadas de Vaccari para
Jorge Lorenzetti, identificado
como o articulador da compra
do dossiê, e Simone Godoy,
mas a reportagem não localizou esses telefonemas nos dados a que teve acesso.
Colaboraram KENNEDY ALENCAR E ADRIANO
CEOLIN , da Sucursal de Brasília
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