São Paulo, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO

José Eduardo Dutra apóia revisão da política de preços dos combustíveis

Lula escolhe senador do PT para comandar a Petrobras

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador petista José Eduardo Dutra, um carioca de 45 anos que fez carreira profissional e política em Sergipe, vai presidir a Petrobras, a maior estatal brasileira, cujos investimentos no ano que vem somam R$ 6 bilhões, quase a metade de todo o investimento previsto do governo federal no Orçamento de 2003.
A exemplo da futura ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, Dutra defende a revisão da política de preços dos combustíveis e acredita que o país pode alcançar a auto-suficiência no abastecimento de petróleo em 2005, caso a atual capacidade de investimentos da Petrobrás seja mantida em R$ 6 bilhões.
Dutra foi escolhido para presidir a Petrobras há 20 dias. Desde então, ele tem dito a interlocutores que "reza" para não haver guerra no Golfo Pérsico. É um evento que pode jogar por terra a revisão da política de preços dos combustíveis.
Com a revisão, Dilma e Dutra pretendem repassar para os preços apenas o percentual em dólar que efetivamente incide sobre os preços da Petrobras. O desafio de Dutra é fazer isso sem prejuízo no balanço da empresa.
A guerra pode atrapalhar os planos do novo governo. Mesmo nessa circunstância Dutra julga que será possível a Petrobras ter uma política de preços que proteja os menos favorecidos. Os usuários do gás de cozinha, por exemplo. Seria a contribuição da empresa ao projeto "Fome Zero".
Derrotado para o governo de Sergipe, Dutra foi escolhido para presidir a Petrobras numa reunião em São Paulo entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o prefeito de Aracaju, Marcelo Deda (PT). Deda e Dutra são do mesmo grupo político.
Lula avalia que Dutra atende os critérios que estipulou para o presidente da Petrobras: ter qualificação técnica, relação com o setor e ser alguém de sua confiança.
Dutra é geólogo formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e fez carreira na Petromisa (Petrobras Mineração), subsidiária depois absorvida pela Companhia Vale do Rio Doce, empresa da qual ainda é funcionário licenciado.
A iniciação política de Dutra, que demarca sua relação com o setor, deu-se por meio das entidades de classe da área de mineração em Sergipe. Em 1986, entrou para a direção nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Na primeira vez que tentou um mandato, em 1994, elegeu-se senador.
No Congresso, Dutra votou contra a quebra do monopólio do petróleo, mas defendeu uma solução intermediária, pela qual a empresa poderia fazer parcerias. É dele também o projeto que anistiou as dívidas de sindicatos que mantiveram greves declaradas ilegais pela Justiça -caso dos petroleiros em 1995.
O nome de Dutra será indicado formalmente ao conselho da Petrobras em uma reunião, provavelmente no dia 2.
Toda a diretoria atual da estatal resolveu sair. Essa decisão já teria sido comunicada à equipe de transição. Novas pessoas, inclusive, foram convidadas para aceitar algumas das diretorias. Rodolfo Landim, gerente da unidade de gás natural da Petrobras, deve assumir a diretoria de produção. João Eudes Touma, secretário-executivo-adjunto, também deve assumir uma diretoria.

Equipe agrícola
O futuro ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fechou sua equipe com nomes principalmente paulistas, do próprio ministério ou ligados a entidades do setor, como José Amaury Dimarzio, ex-presidente da Associação Brasileira e da Federação Latino-Americana de Produtores de Sementes, que será secretário-executivo.
O secretário de Política Agrícola será Ivan Wedekin, da empresa de consultoria RCW. O presidente nacional da Embrapa será o atual chefe da empresa em Jaguariúna (SP), Clayton Campagnola, e o diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) será Luiz Carlos Guedes Pinto, ex-pró-reitor da Unicamp.


Colaborou GUILHERME BARROS, do Painel S.A.


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