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TRANSIÇÃO
José Eduardo Dutra apóia revisão da política de preços dos combustíveis
Lula escolhe senador do PT para comandar a Petrobras
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador petista José Eduardo
Dutra, um carioca de 45 anos que
fez carreira profissional e política
em Sergipe, vai presidir a Petrobras, a maior estatal brasileira, cujos investimentos no ano que vem
somam R$ 6 bilhões, quase a metade de todo o investimento previsto do governo federal no Orçamento de 2003.
A exemplo da futura ministra
das Minas e Energia, Dilma Roussef, Dutra defende a revisão da
política de preços dos combustíveis e acredita que o país pode alcançar a auto-suficiência no abastecimento de petróleo em 2005,
caso a atual capacidade de investimentos da Petrobrás seja mantida
em R$ 6 bilhões.
Dutra foi escolhido para presidir a Petrobras há 20 dias. Desde
então, ele tem dito a interlocutores que "reza" para não haver
guerra no Golfo Pérsico. É um
evento que pode jogar por terra a
revisão da política de preços dos
combustíveis.
Com a revisão, Dilma e Dutra
pretendem repassar para os preços apenas o percentual em dólar
que efetivamente incide sobre os
preços da Petrobras. O desafio de
Dutra é fazer isso sem prejuízo no
balanço da empresa.
A guerra pode atrapalhar os planos do novo governo. Mesmo
nessa circunstância Dutra julga
que será possível a Petrobras ter
uma política de preços que proteja os menos favorecidos. Os usuários do gás de cozinha, por exemplo. Seria a contribuição da empresa ao projeto "Fome Zero".
Derrotado para o governo de
Sergipe, Dutra foi escolhido para
presidir a Petrobras numa reunião em São Paulo entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, e o prefeito de Aracaju,
Marcelo Deda (PT). Deda e Dutra
são do mesmo grupo político.
Lula avalia que Dutra atende os
critérios que estipulou para o presidente da Petrobras: ter qualificação técnica, relação com o setor
e ser alguém de sua confiança.
Dutra é geólogo formado pela
Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro e fez carreira na Petromisa (Petrobras Mineração),
subsidiária depois absorvida pela
Companhia Vale do Rio Doce,
empresa da qual ainda é funcionário licenciado.
A iniciação política de Dutra,
que demarca sua relação com o
setor, deu-se por meio das entidades de classe da área de mineração em Sergipe. Em 1986, entrou
para a direção nacional da CUT
(Central Única dos Trabalhadores). Na primeira vez que tentou
um mandato, em 1994, elegeu-se
senador.
No Congresso, Dutra votou
contra a quebra do monopólio do
petróleo, mas defendeu uma solução intermediária, pela qual a empresa poderia fazer parcerias. É
dele também o projeto que anistiou as dívidas de sindicatos que
mantiveram greves declaradas
ilegais pela Justiça -caso dos petroleiros em 1995.
O nome de Dutra será indicado
formalmente ao conselho da Petrobras em uma reunião, provavelmente no dia 2.
Toda a diretoria atual da estatal
resolveu sair. Essa decisão já teria
sido comunicada à equipe de
transição. Novas pessoas, inclusive, foram convidadas para aceitar
algumas das diretorias. Rodolfo
Landim, gerente da unidade de
gás natural da Petrobras, deve assumir a diretoria de produção.
João Eudes Touma, secretário-executivo-adjunto, também deve
assumir uma diretoria.
Equipe agrícola
O futuro ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, fechou sua
equipe com nomes principalmente paulistas, do próprio ministério
ou ligados a entidades do setor,
como José Amaury Dimarzio, ex-presidente da Associação Brasileira e da Federação Latino-Americana de Produtores de Sementes,
que será secretário-executivo.
O secretário de Política Agrícola
será Ivan Wedekin, da empresa
de consultoria RCW. O presidente nacional da Embrapa será o
atual chefe da empresa em Jaguariúna (SP), Clayton Campagnola,
e o diretor da Conab (Companhia
Nacional de Abastecimento) será
Luiz Carlos Guedes Pinto, ex-pró-reitor da Unicamp.
Colaborou GUILHERME BARROS, do
Painel S.A.
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