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CONGRESSO
Além da "PEC paralela" previdenciária, reforma do Judiciário pode ser debatida
Lula deve manter convocação, mas pauta segue indefinida
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da reação contrária de
setores governistas da Câmara, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve manter o compromisso
de convocar extraordinariamente
o Congresso no período de 20 de
janeiro a 15 de fevereiro, mas a
pauta dos trabalhos ainda será
objeto de negociação.
Um dos itens polêmicos, por
exemplo, é a reforma do Judiciário. No governo e na Câmara, defende-se que a proposta só entre
efetivamente na pauta após a
substituição de Maurício Corrêa
por Nelson Jobim na presidência
do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio de 2004. Jobim é
considerado um interlocutor
mais flexível, e as relações de Corrêa com Lula estão desgastadas.
As principais associações de
classe do Judiciário julgam que
incluir a reforma na pauta é oportunismo e pode atropelar a discussão do tema. "O assunto não
está sendo levado a sério. Querem
que a Câmara vote a "Pec paralela"
da Previdência e colocaram o assunto para o Senado, para justificar a convocação", diz Sérgio Domingues, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais).
Se depender do presidente da
Câmara, deputado João Paulo
Cunha (PT-SP), apenas a chamada "emenda paralela" da Previdência entra na pauta da convocação extraordinária. João Paulo,
no entanto, ainda espera que Lula
desista da convocação. Acha que
ela é desnecessária e só desgasta o
Congresso, já que garante aos
parlamentares o salário de R$
12.720, mais dois salários extras e
pode custar, no total, até R$ 50
milhões.
A convocação foi a exigência
feita pelos partidos governistas no
Senado, em especial o PT e o
PMDB, para aprovar a reforma da
Previdência. Petistas como Paulo
Paim (RS), Ideli Salvati (SC) e o
relator Tião Viana (AC) condicionaram o voto à tramitação acelerada da "emenda paralela".
No PMDB, seis senadores fizeram a mesma exigência. Sem esses votos, a emenda principal não
teria sido aprovada. A "emenda
paralela" atenua alguns aspectos
da reforma e é uma espécie de "seguro eleitoral" para os senadores.
A base do governo na Câmara
reagiu por entender que se expôs
ao votar a reforma como foi enviada pelo governo -dura, sem
os efeitos da "PEC paralela".
Na prática, a convocação, no
máximo, permitirá que a tramitação da "emenda paralela" ganhe
dias de prazo na comissão especial. João Paulo espera que ela receba emendas sobre todos os aspectos possíveis. A esperança do
presidente da Câmara é que o
PMDB seja convidado para o ministério antes do dia 20, o que poderia levar o partido a retirar o
apoio à convocação. O deputado,
então, tentaria convencer o PT a
esperar a reabertura do Congresso em troca do seu empenho pela
tramitação da "emenda paralela".
No Senado, a pauta prevista,
por ora, também tem uma fatura
que a base e a oposição, que também votou as reformas da Previdência e tributária, cobram: mudanças para diminuir o impacto
do aumento da Cofins (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social) sobre alguns
setores .
Colaborou a Redação
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