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São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003

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CONGRESSO

Além da "PEC paralela" previdenciária, reforma do Judiciário pode ser debatida

Lula deve manter convocação, mas pauta segue indefinida

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da reação contrária de setores governistas da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve manter o compromisso de convocar extraordinariamente o Congresso no período de 20 de janeiro a 15 de fevereiro, mas a pauta dos trabalhos ainda será objeto de negociação.
Um dos itens polêmicos, por exemplo, é a reforma do Judiciário. No governo e na Câmara, defende-se que a proposta só entre efetivamente na pauta após a substituição de Maurício Corrêa por Nelson Jobim na presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio de 2004. Jobim é considerado um interlocutor mais flexível, e as relações de Corrêa com Lula estão desgastadas.
As principais associações de classe do Judiciário julgam que incluir a reforma na pauta é oportunismo e pode atropelar a discussão do tema. "O assunto não está sendo levado a sério. Querem que a Câmara vote a "Pec paralela" da Previdência e colocaram o assunto para o Senado, para justificar a convocação", diz Sérgio Domingues, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais).
Se depender do presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), apenas a chamada "emenda paralela" da Previdência entra na pauta da convocação extraordinária. João Paulo, no entanto, ainda espera que Lula desista da convocação. Acha que ela é desnecessária e só desgasta o Congresso, já que garante aos parlamentares o salário de R$ 12.720, mais dois salários extras e pode custar, no total, até R$ 50 milhões.
A convocação foi a exigência feita pelos partidos governistas no Senado, em especial o PT e o PMDB, para aprovar a reforma da Previdência. Petistas como Paulo Paim (RS), Ideli Salvati (SC) e o relator Tião Viana (AC) condicionaram o voto à tramitação acelerada da "emenda paralela".
No PMDB, seis senadores fizeram a mesma exigência. Sem esses votos, a emenda principal não teria sido aprovada. A "emenda paralela" atenua alguns aspectos da reforma e é uma espécie de "seguro eleitoral" para os senadores.
A base do governo na Câmara reagiu por entender que se expôs ao votar a reforma como foi enviada pelo governo -dura, sem os efeitos da "PEC paralela".
Na prática, a convocação, no máximo, permitirá que a tramitação da "emenda paralela" ganhe dias de prazo na comissão especial. João Paulo espera que ela receba emendas sobre todos os aspectos possíveis. A esperança do presidente da Câmara é que o PMDB seja convidado para o ministério antes do dia 20, o que poderia levar o partido a retirar o apoio à convocação. O deputado, então, tentaria convencer o PT a esperar a reabertura do Congresso em troca do seu empenho pela tramitação da "emenda paralela".
No Senado, a pauta prevista, por ora, também tem uma fatura que a base e a oposição, que também votou as reformas da Previdência e tributária, cobram: mudanças para diminuir o impacto do aumento da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre alguns setores .


Colaborou a Redação


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