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Elio Gaspari
2008 começará bem com Carla e Yulia
O ano ameaçava ser dominado por quatro mulheres determinadas a detonar a arte do bem vestir
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CARLA BRUNI E YULIA TIMOSHENKO
salvarão 2008. A namorada do
presidente francês Nicolas Sarkozy e a nova primeira-ministra da
Ucrânia são uma esperança para um ano
que ameaçava ser dominado por quatro
mulheres determinadas a detonar a arte
do bem vestir.
A presidente argentina Cristina Kirchner, com seus cintos medievais e boleros
de boneca, ainda aprenderá que certas
saias leves só podem ser usadas com pesos na bainha (a la Elisabeth 2ª). Do contrário, sem ser uma Marilyn Monroe, viverá a cena do bueiro. A chanceler alemã
Angela Merkel, um modelo de frugalidade, dá a impressão de que se esquece de
tirar o cabide dos paletós. Hillary Clinton veste-se antes de botar as lentes de
contato, e a secretária de Estado Condoleezza Rice talvez tenha sonhado em ser
aeromoça.
Sarkozy (1m63cm), de mãos dadas
com a cantora Carla Bruni (1m76cm),
torna-se uma presença agradável. Pode
ir aonde quiser, desde que leve consigo
La Bruni. Um presidente solteiro com
uma namorada espetacular levanta a
cortina de hipocrisia dos antecessores
casados que colecionavam amantes. Jacques Chirac virou piada: "12 minutos,
com chuveiro incluído".
A segunda alegria de 2008 é a economista ucraniana Yulia Timoshenko, 47
anos. Com suas tranças douradas, parece
adolescente camponesa.
Bonita, poderosa e rica, tem uma fortuna estimada em vários bilhões de dólares e é boa de briga. Já encarou um adversário empunhando um de seus sapatos de salto stiletto. La Timoshneko é um
prodígio de marquetagem. Na vida real, é
morena. Ela diz que seu penteado demanda apenas sete minutos de cuidados.
Yulia entrou na economia de mercado
apropriando-se de uma rede de lojas de
vídeos da Juventude Comunista e ficou
milionária na privataria energética do
colapso da União Soviética. Aprendeu
tanto (inclusive com algumas semanas
de cadeia) que promete desinfetar a corrupção de seu país.
Uma mulher nessa condição sofre inevitavelmente a maledicência pública.
Com Yulia Timoshenko, um cineasta
russo foi mais longe e fez um filme pornô
no qual uma sósia de 20 anos tem um encontro (a bordo de um helicóptero) com
um namorado igualmente bem apessoado, idêntico ao presidente da Geórgia.
O GOVERNO ALEMÃO TEM MEMÓRIA CURTA
O repórter Marcio Damasceno revelou que cidadãos
brasileiros têm sido enxotados da Alemanha porque, no
entendimento dos burocratas
de suas fronteiras, não trazem nos passaportes o visto
adequado. Não há exigência
de visto para que turistas alemães entrem no Brasil, nem
para que brasileiros entrem
na Alemanha. O desconforto
atinge quem, por qualquer
motivo, tenha um visto específico de outros países da
União Européia e pretenda
transitar pela Alemanha.
Jamais se deve duvidar de
um guarda de fronteira quando ele mostra um regulamento que impede isso ou aquilo.
Contudo, pode-se lembrar à
diplomacia de Bonn que esse
tipo de tratamento é deselegante para com os cidadãos de
um país que, nos séculos 19 e
20, acolheu cerca de 200 mil
imigrantes alemães. Primeiro
fugiam da fome. O pai do presidente Ernesto Geisel (1974-1979) atravessou um pedaço
do Atlântico numa dieta de
cebolas. Depois, fugiram do
nazismo, inclusive a família
de Caio Koch-Weser, vice-presidente do Deutsche
Bank, nascido em Rolândia
(PR).
Os guardas dos aeroportos
alemães olham com suspeita
para os brasileiros. Deveriam
lembrar que, em matéria de
maus antecedentes, ninguém
baterá seu compatriota Joseph Mengele, cientista-residente do campo de concentração de Auschwitz, que viveu escondido no Brasil até
sua morte, em 1979. (Pode-se
fazer de conta que o governo
alemão tentou descobrir onde ele estava.)
LULA LEVOU
Lula conseguiu inverter um
costume das previsões econômicas. Há mais de uma década,
sempre que chegava a hora do
balanço, os presidentes (inclusive ele) diziam que o próximo
ano "não vai ser igual àquele
que passou". Encerrado um
2007 de êxitos amplos, gerais e
irrestritos, agora é a oposição
quem diz que 2008 não será
igual "àquele que passou".
Habituado a reescrever a
própria história, Nosso Guia
vestiu o macacão de coitadinho: "Quando eu falei do espetáculo do crescimento, fui
achincalhado". Menos. O que
ele disse, em junho de 2003, foi
o seguinte: "Esperem que o mês
de julho será o do espetáculo do
crescimento". Era conversa fiada. O ano terminou com um
crescimento de 0,5%, marca
dez vezes menor que a de 2007.
ALÔ IPHAN
Aviso ao Patrimônio Histórico: o Park Hotel de Nova Friburgo está apodrecendo. Foi
projetado por Lúcio Costa em
1940, tem dez quartos e funcionou até 2003. O alpendre já
ruiu e os cupins comeram um
pedaço do assoalho.
Trata-se de uma propriedade
privada (dos herdeiros de César
Guinle) e, portanto, deve-se tomar cuidado antes de colocar
dinheiro da Viúva na sua restauração. Deixá-lo ruir, contudo, seria o pior desfecho.
CADEIRAS VAZIAS
O ministro Carlos Lupi, que
bateu de frente com o Conselho
de Ética Pública, deverá ser
aconselhado a pedir licença da
presidência do PDT. Se o Planalto decidir apoiá-lo, poderá
aproveitar a viagem, pedindo-lhe que nomeie os novos integrantes da instituição. Será o
Conselho da Ética de Lupi.
A HORA MASP DO HC
Tudo indica que o incêndio
ocorrido no Hospital das Clínicas começou com um curto-circuito no subsolo. Há informações de que oito horas antes da
fumaça chegar ao 9º andar do
prédio, sentia-se cheiro de fumaça no pedaço e um funcionário avisou a segurança. A perícia determinará até que ponto
o HC teve seu Momento Masp.
A possível origem elétrica do
sinistro jogou a nobiliarquia do
Hospital das Clínicas numa
coincidência malvada. Em outubro passado o médico Waldemir Rezende, ex-diretor do seu
Instituto Central, publicou um
livro intitulado "Estação Clínicas", contando roubalheiras e
bandalhas que testemunhou na
instituição. Ele dirigiu o instituto durante quatro anos, até
fevereiro passado. Começou
sua gestão sorteando entre os
funcionários os presentes de
Natal mandados pelos fornecedores.
Um dos casos narrados em
"Estação Clínicas" refere-se a
um problema elétrico. Faltavam lâmpadas numa enfermaria. Disseram que era necessário trocar o sistema elétrico do setor, pois os encaixes eram velhos e as lâmpadas saíram de linha. Custo? R$ 15 mil. Com R$
50 tirados do próprio bolso, Rezende comprou dez lâmpadas
numa loja a menos de um quilômetro de distância do HC.
"Estação Clínicas" é um livro
sangüíneo, cheio de bois sem
nomes. Semanas antes do incêndio, Rezende soube que foi
aberta uma sindicância para
apurar "transgressão de deveres e proibições funcionais que
configuram procedimentos irregulares de natureza grave".
Não ficou claro se vão apurar
as maracutaias que o médico
denunciou ou se arriscam concluir que ele cometeu uma leviandade ao denunciá-las.
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