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RUMO A 98
Presidente vai a jantar de apoio ao candidato do PMDB à presidência da Câmara e pede votos a deputados
FHC vira `cabo eleitoral' de Michel Temer
MARTA SALOMON
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O presidente
Fernando Henrique Cardoso
fez trabalho de
``cabo eleitoral''
na noite de anteontem, durante ato de
campanha do candidato ``oficial''
à presidência da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP).
Ontem de manhã, poucas horas
depois do jantar de apoio a Temer
patrocinado pelo PFL, o comando
político do governo anunciou ter
reunido votos suficientes para a vitória do candidato no primeiro
turno da eleição, marcada para a
próxima quarta-feira.
O resultado da contabilidade foi
atribuído ao engajamento de FHC
na disputa e ao sistema de caça a
votos, idêntico ao montado pelas
lideranças governistas para aprovar a emenda constitucional da
reeleição.
Uma contagem de votos realizada à tarde na casa do presidente da
Câmara, Luís Eduardo Magalhães
(PFL-BA), e comandada pelo ministro Sérgio Motta (Comunicações), registrou como votos ``certos'' 286 deputados -29 a mais do
que o necessário para eleger o presidente. A votação será secreta.
`Simples presença'
``A simples presença do presidente no jantar mostra que ele está
pessoalmente engajado na defesa
da candidatura Temer e que ajudará no que for possível para elegê-lo'', avaliou o deputado Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA), um dos
coordenadores da campanha.
FHC chegou pouco antes da
meia-noite na casa do ministro do
TCU Marcos Vilaça, sogro do anfitrião do jantar pró-Temer, o deputado Mendonça Filho (PFL-PE)
-autor da emenda da reeleição.
O presidente reafirmou o apoio a
Temer enquanto circulava entre as
mesas ocupadas por cerca de 50
deputados do PFL, líderes governistas e sete ministros.
``Precisamos agora eleger o Michel Temer'', teria dito FHC, segundo relato do líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE).
``Foi um jantar com clima de vitória'', observou o presidente do
PFL, deputado José Jorge (PE).
Depois de cumprimentar os presentes, FHC posou para os fotógrafos sentado ao lado de Luís
Eduardo Magalhães e Michel Temer -uma cena combinada pelo
anfitrião do jantar.
``Era um tipo de namoradeira'',
descreveu o deputado Heráclito
Fortes (PFL-PI), candidato à vice-presidente na chapa.
``Parece até que o presidente está
em campanha'', comentou em voz
alta um dos aliados de Temer no
momento da foto. FHC respondeu
que estava, ``claro''. Apesar disso,
não houve brinde ou discurso.
O trabalho continuou ontem no
Palácio do Planalto. FHC pediu a
13 dos 18 deputados do Maranhão
que votem em Temer.
Segundo o deputado Pedro Novais (PMDB), o presidente fez um
``apelo'' pró-Temer, junto com o
pedido de pressa na votação das
reformas constitucionais.
Rolo compressor
Depois de aprovar a emenda da
reeleição em primeiro turno, a
eleição de Temer passou a ser considerada prioridade do comando
político do governo na Câmara.
Ontem, o líder do PFL assegurou
90 votos de seu partido para Temer. O líder do PSDB, José Aníbal
(SP), garantiu 67 votos.
O candidato do chamado ``baixo
clero'' (deputados com menor expressão) da Câmara, Wilson Campos (PSDB-PE), disse que o trabalho de corpo-a-corpo ``na base do
é dando que se recebe'' será um
``desserviço'' ao presidente.
Colaborou Augusto Gazir, da Sucursal de Brasília
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