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São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

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OPERAÇÃO SOCIAL

Lula promete guerra à fome e rebate críticas a programa

Lula Marques/Folha Imagem
O presidente Lula, seu vice, José Alencar, e o ministro José Graziano, durante cerimônia de lançamento do Fome Zero no Planalto



Petista afirma que Fome Zero é estrutural, e não só emergencial

17 governadores comparecem ao lançamento oficial do projeto



FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao lançar oficialmente o Fome Zero, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou defender o programa, reafirmando que se trata de um programa estrutural, não emergencial nem assistencialista. "Não adianta apenas distribuir comida. Se não atacarmos as causas da fome, ela sempre irá voltar, como já aconteceu outras vezes em nossa história."
Apesar de prometer "libertar a população brasileira da humilhação das cestas básicas", Lula admitiu que as medidas estruturais precisarão conviver em um primeiro momento com "medidas emergenciais".
"É preciso dar o peixe e ensinar a pescar", disse ele, utilizando uma velha metáfora.
"Ensinar a pescar", declarou Lula, "é libertar milhões de brasileiros, definitivamente, da humilhação das cestas básicas. É fazer com que todos, absolutamente todos, possam se alimentar adequadamente sem que precisem da ajuda dos outros".
O presidente reconheceu que a campanha por doações de alimentos, uma das primeiras iniciativas do programa Fome Zero, é importante, mas não acaba com o problema. "Vamos criar condições para que todas as pessoas no nosso país possam comer decentemente três vezes ao dia, sem precisar de doações", afirmou.
No discurso de cerca de 20 minutos, na frente de praticamente todos os seus ministros, de 17 governadores, de dezenas de prefeitos e deputados e de centenas de outras pessoas presentes ao salão nobre do Palácio do Planalto, Lula tentou justificar os desencontros na organização do programa, afirmando que o Fome Zero é "complexo". Lula não citou nenhuma medida prática, nem detalhou como a fome será vencida. Ele teve a preocupação de desinflar um pouco a expectativa por resultados imediatos. Insistiu mais de uma vez em reforçar o "gradualismo" do Fome Zero.
"Hoje estamos dando um grande passo. E sei que, até atingirmos nossa meta, será uma longa caminhada. A fome não será vencida da noite para o dia, nem apenas com algumas medidas isoladas do governo", disse o presidente, no início de sua fala.
Ele chamou o Fome Zero de um programa "tão complexo quanto o inimigo que se propõe a derrotar". Afirmou ainda que o trabalho de combate ao "inimigo" exigirá "esforço, persistência, coragem e dedicação durante os próximos quatro anos".
Houve menção, no discurso, a uma preocupação central da equipe que preparou o programa de caracterizar o Fome Zero não como mais uma campanha de arrecadação de alimentos, mas como um programa permanente de segurança alimentar e nutricional. "É por isso que insisto: o Fome Zero não deve ser entendido como mais uma campanha temporária e emergencial contra a fome em algumas regiões do país."
Lula convocou a sociedade civil para fazer parte do programa, afirmando que a participação de instâncias de governo é importante para que possam ser evitadas "tristes cenas de desperdício".
"Faço aqui um apelo a todos os municípios, a todas as entidades sociais, aos sindicatos, às comunidades religiosas e às associações dos mais diversos tipos. Comecem já, hoje ainda se possível, a criar os conselhos de segurança alimentar em suas cidades. Tomem a iniciativa", afirmou.
Ao final da fala, o presidente fez uma crítica velada à ameaça de guerra dos EUA ao Iraque. "Precisamos vencer a fome, a miséria e a exclusão social. Nossa guerra não é para matar ninguém. É para salvar vidas."


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