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São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

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Integrantes do Consea criticam pontos do projeto

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes do Conselho de Segurança Alimentar e convidados da cerimônia de lançamento do Fome Zero criticaram alguns pontos do programa -a exigência de comprovantes e recibos, a restrição de mercadorias que podem ser adquiridas com as verbas distribuídas e a opção de limitar o lançamento de uma ação nacional a um programa-piloto em dois municípios.
Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança e integrante do Consea, disse que o ideal é permitir que as mães de família gastem o subsídio no que julgarem necessário.
Para ela, exigir recibos complicará o funcionamento do Fome Zero. "Isso vai criar muitos mais problemas que soluções. É muito difícil garantir que não ocorra corrupção", alertou.
Arns disse que irá sugerir que o Consea utilize a estimativa de 23 milhões de pessoas que passam fome no país, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O governo trabalha com uma estimativa de 44 milhões de pessoas.
Outro integrante do Consea, padre Martinho Lenz, da CNBB, disse que é melhor permitir que as comunidades exerçam um controle social do uso dos recursos: "Os vizinhos podem denunciar a pessoa que compra cachaça e deixe os filhos com fome".
O ex-coordenador do Bolsa-Escola Floriano Pesaro (PSDB) foi mais contundente. "Essa exigência de recibo é para inglês ver. Está mais que comprovado que a família que passa fome gasta, em primeiro lugar, em comida. Até as Nações Unidas pediram que desistissem do recibo", disse.
A ex-secretária-executiva do Ministério da Educação Maria Helena Castro lembrou o lançamento de um piloto pode levar à desarticulação e à migração de pessoas atrás de benefícios.
Ambos vieram ao Planalto acompanhando o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O senador Eduardo Suplicy (PT) baixou o tom dos reparos que fez ao Fome Zero e disse que serão feitos "inúmeros aperfeiçoamentos" ao longo dos anos.
João Pedro Stedile, um dos líderes nacionais do MST (Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), defendeu o governo.
"Não tem que ficar pegando no pé se vai ter recibo, não vai ter recibo, se vai dar dinheiro, se vai dar comida. O programa é mais amplo", disse.


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