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Integrantes do
Consea criticam
pontos do projeto
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes do Conselho de Segurança Alimentar e convidados
da cerimônia de lançamento do
Fome Zero criticaram alguns
pontos do programa -a exigência de comprovantes e recibos, a
restrição de mercadorias que podem ser adquiridas com as verbas
distribuídas e a opção de limitar o
lançamento de uma ação nacional
a um programa-piloto em dois
municípios.
Zilda Arns, coordenadora nacional da Pastoral da Criança e integrante do Consea, disse que o
ideal é permitir que as mães de família gastem o subsídio no que
julgarem necessário.
Para ela, exigir recibos complicará o funcionamento do Fome
Zero. "Isso vai criar muitos mais
problemas que soluções. É muito
difícil garantir que não ocorra
corrupção", alertou.
Arns disse que irá sugerir que o
Consea utilize a estimativa de 23
milhões de pessoas que passam
fome no país, segundo dados do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O governo trabalha com uma estimativa de 44
milhões de pessoas.
Outro integrante do Consea, padre Martinho Lenz, da CNBB, disse que é melhor permitir que as
comunidades exerçam um controle social do uso dos recursos:
"Os vizinhos podem denunciar a
pessoa que compra cachaça e deixe os filhos com fome".
O ex-coordenador do Bolsa-Escola Floriano Pesaro (PSDB) foi
mais contundente. "Essa exigência de recibo é para inglês ver. Está
mais que comprovado que a família que passa fome gasta, em
primeiro lugar, em comida. Até as
Nações Unidas pediram que desistissem do recibo", disse.
A ex-secretária-executiva do
Ministério da Educação Maria
Helena Castro lembrou o lançamento de um piloto pode levar à
desarticulação e à migração de
pessoas atrás de benefícios.
Ambos vieram ao Planalto
acompanhando o governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin.
O senador Eduardo Suplicy
(PT) baixou o tom dos reparos
que fez ao Fome Zero e disse que
serão feitos "inúmeros aperfeiçoamentos" ao longo dos anos.
João Pedro Stedile, um dos líderes nacionais do MST (Movimento Nacional dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra), defendeu o
governo.
"Não tem que ficar pegando no
pé se vai ter recibo, não vai ter recibo, se vai dar dinheiro, se vai dar
comida. O programa é mais amplo", disse.
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